sábado, 23 de novembro de 2013

Família Real

A luta pela sobrevivência e propagação da espécie conduz o homem a buscar no mercado, às vezes paralelo, inúmeros Beija-flores, mais precisamente da espécie Amazilia lactea, que poderão indiretamente saciar a fome. Como nesta etapa da vida pessoal e profissional, não há muita preocupação com bens materiais, ele contenta-se em amealhar esse pequeno e delicado ser de coloração discreta, pois qualquer nota de um real faz a diferença. Assim sem muita ambição ele busca fugir da gaiola do emprego informal. 
 
Uma vez atendida às necessidades básicas, o homem sem oferecer gorjeta inicia a substituição dessa ave por um anfíbio de corpo robusto e longevo. Nesta incansável batalha pela mudança de posição social, por meio de um bom cargo, o homem busca a tartaruga-de-pente, para melhorar o padrão de vida. Nesta caça desenfreada, às vezes ilegal, Eretmochelys imbricata, torna-se criticamente ameaçada quando o homem oferece como troco a mesquinharia, que racha o casco do proposito que o dinheiro possa gerar.  
 
A ânsia cada vez mais acentuada pelo consumo fútil induz o homem a dar passos largos para alcançar um bando de garças, que se caracterizam por serem aves pernaltas. Entre passos e descompassos, as gananciosas mãos humanas mancham a brancura das penas destes ardeídeos, quando elas utilizam notas de cinco reais de forma egoísta ou fraudulenta. Neste contexto, exemplares de Casmerodius albus, são guardados em caixa dois, protegidos da mordida do leão e depois lavados para circularem livremente.
 
Ao pressentir que as suas vaidades não conseguem ser alimentadas por beija-flores, tartarugas e garças, o homem parte em busca das araras vermelhas, aves típicas da fauna brasileira e sul-americana. Assim, elas tornam-se um alvo perfeito para elevar o homem a voos mais altos, rumo ao topo. Engasgado com as sementes e frutos podres da ganancia pelo poder, o homem relega o ninho familiar, depreciando qualquer nota de dez e depenando de vez Ara chloreptera, impedindo-a de oferecer um valor real ao trabalho.
 
A ambição desmedida pelo dinheiro em plena selva de pedra faz o homem encontrar jeitos rápidos e fáceis de substituir araras por micos-leões-dourados, primatas de pelagem alaranjada e juba característica. Assim, Leonthopitecus rosalia, sofre grave ameaça de extinção, porque o homem oferece uma banana para a honestidade, ética e respeito, matando de inanição qualquer valor virtuoso. Preso na grade de servidão materialista, ele é alimentado por uns poucos vinte reais de ilusão, concedidos pela mais valia. 
 
Após pagar micos pela sua frieza, soberba e prepotência, o homem parte atrás de um felino em extinção e amplamente conhecido daqueles ávidos por dinheiro, a onça pintada. Mais difícil de ser perseguida e alcançada, a Panthera onca induz o homem a ficar preso na mandíbula do trabalho exaustivo e estressante. Este desequilíbrio passa a ameaçar a estabilidade emocional do bicho homem, afetando sua saúde física e mental. Pintas de arrependimento logo são apagadas das lembranças pelas notas de cinquenta reais.  
 
Finalmente o homem chega ao topo do poder e torna-se um hábil pescador de garoupas, peixe marinho que dificilmente anda em cardume. Enquanto esta espécie, Epinephelus marginatus, habita as costas brasileiras, o homem vira as costas para os amigos e a família, fazendo com que as notas de cem reais percam as escamas do bem estar. Nesta maré desequilibrada, a piracuca torna-se apenas um peixe fora d’agua para o predador das relações humanas.
 
Assim, a casa da moeda perde as telhas do equilíbrio, o banco central perde as tábuas do bom senso e a efigie da república presente em todo o reverso deste círculo financeiro, perde os cabelos esvoaçantes, os ramos de louro e a serenidade da face. É o divórcio da família real.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Abraham Lincoln, o Lenhador

“Se eu tivesse apenas uma hora para cortar uma árvore, eu usaria os primeiros quarenta e cinco minutos afiando meu machado.” Eis um ditado perfeito de Abraham Lincoln, um dos mais renomados presidentes que o mundo conheceu. Por meio da nobre função do lenhador, ele retratou pela simplicidade a importância do planejamento especialmente na vida empresarial.
 
Sob esta ótica, o lenhador não tem dúvidas de que uma das partes mais importantes do seu trabalho e ter um machado afiado. Porém, muito antes, ele sabe exatamente o que, quem, porque, como, quando e onde, devera ser cortada a arvore. Assim, institivamente ele planeja de forma estratégica sua tarefa diária, ao contrário daquelas empresas que estão mais preocupadas em executar do que se preparar para as dificuldades do negócio, perdendo-se no estreito, enferrujado e cego fio do improviso.
 
Quanto menos preparado for o machado, maior será o numero de cortes necessários para obter pedaços de lenha adequados. Muitos calos nas mãos e suor no rosto, sem a garantia de que o resultado será alcançado. Isto também ocorre com as corporações despreparadas, calejam e pelejam sem propósito, porque os princípios e valores que retratam fielmente o que ela acredita e pratica são apenas lascas de madeira lançadas no ar, sem direção e proveito.
 
 Assim, entende-se que a missão do lenhador é produzir lenha de forma sustentável, algo abrangente que representa a existência de seu empreendedorismo. Ao mesmo tempo e lamentável verificar em uma atividade simples, aquilo que não conseguimos enxergar em empresas sem uma razão de ser, porque elas não possuem ponto de partida. Neste cenário há o risco das decisões enviesadas com desperdício significativo de recursos ambientais, econômicos e humanos.
  
Enquanto em seu humilde olhar ele deseja ser reconhecido como o melhor profissional em sua área de atuação projetando um sonho a ser alcançado, empresas sem visão expressam a ausência de um objetivo a ser atingido, ou seja, não miram o lugar onde estarão no futuro. Assim, elas demonstram que não conseguem aplicar o aprendizado em prol do que esta por vir. Nesse sentido, o lenhador enxerga um bosque, enquanto as empresas enxergam uma árvore.
 
Além disto, o lenhador sabe exatamente qual lado da árvore e como ela deve ser cortada, para que esta não lhe atinja, cause danos irreparáveis ou prejudique as outras árvores ao seu redor, mantendo assim o plano de manejo sustentável. Ele conhece suas fraquezas, fortalezas, ameaças e oportunidades, conceitos simples, mas que não são levados a sério no ambiente de negócios.  
 
Ao se comprometer em transformar uma árvore de um metro cúbico em lenha ao final de três dias, ele estabelece desafio mensurável, atingível, realista e temporal, algo de fazer inveja a muitas organizações que não possuem objetivos e metas, impedindo clareza e direcionamento das cobranças. Assim, elas atuam na casca ao invés de atuar no cerne dos problemas estruturais.  
 
Este contexto mostra que as empresas sem um planejamento estratégico são como lenha verde cujo poder calorífico sequer mantem acesa a fogueira de vaidade da liderança, especialmente quando ela recebe bônus em ano de prejuízo. A ponte entre onde a empresa está e almeja chegar daqui a três anos, deixa de ser construída, porque os pilares de Harry Igor Ansoff, Michael Porter, Albert Humphrey e Boston Consulting Group são desmoronados pelas intempéries da indiferença. 

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Jardim do Éden

Adão e Eva eram dois líderes que trabalhavam em um empreendimento denominado Jardim do Éden, o qual pertencia a um único acionista. O foco do negócio, a agropecuária, abrangia a criação de animais e plantas de forma sustentável. O descanso semanal remunerado e o intervalo intrajornada eram respeitados, bem como não havia assédio moral, trabalho degradante ou análogo à escravidão, descumprimentos legais que são comuns em pleno século vinte e um. 

Altos executivos, eles recebiam uma série de benefícios tais como plano de saúde, alimentação, educação e participação nos resultados, além de um generoso salário pela vida eterna. Por meio do trabalho possuíam satisfação, qualidade de vida, reconhecimento e além disto, ocupavam cargos de confiança, que lhes permitia o acesso a informações privilegiadas, compatíveis com seus níveis hierárquicos.  

No entanto, a inveja fez com que eles quebrassem o código de ética e valores, ao se apropriarem da fonte do conhecimento que apenas o acionista poderia ter acesso. A maçã foi mordida, estragando o melhor produto do empreendimento, o qual estava reservado a clientes fiéis e incorruptíveis.  Cometeram um pecado muito comum nas corporações, ignorando a honestidade, integridade e ética. 

Sucedeu-se que ninguém teve a coragem de assumir sua responsabilidade, especialmente o líder Adão. Ele não reconheceu sua falha e usou de subterfúgios para culpar Eva e esta por sua vez despejou a culpa em outro ser que envenenava os relacionamentos com sua língua ardilosa. Cometer falhas e erros é ato corriqueiro e inerente a qualquer profissional, porém, negar e esquivar-se da verdade foi um erro mortal, que os deixou totalmente nus de vergonha.  

Como toda causa gera uma consequência, foram demitidos da melhor empresa do universo. Por ser onipotente, o acionista os realocou em outra corporação do grupo, com a diferença de que passaram a ser tratados como empregados normais, labutando arduamente de sol a sol, para transformar suor em força de trabalho. A partir desta atitude o acionista não mais se relacionou diretamente com os seus dois colaboradores.  

Neste intervalo, tiveram dois filhos, Abel, pastor de ovelhas e Caim, agricultor, herdando dos pais a vocação para atuar no agronegócio, que já sustentava a balança comercial e ocupava um lugar de destaque no mercado. Abel liderava um rebanho de ovinos e sua maior preocupação era cuidar das ovelhas perdidas ou desgarradas. Caim por sua vez, lavrava e cultivava a terra. Atividades distintas em prol da segurança alimentar, física, mental e espiritual.

O principal objetivo era por meio de suas obras oferecerem sacrifícios, capazes de gerar resultados, concedendo ao trabalho um propósito, de modo que ao final da jornada pudessem dizer que haviam vivido intensamente aquele dia. Porém, isto não aconteceu de forma completa e plena, porque a ação do envolvimento prejudicou a ação do comprometimento.  

O acionista por também ser onisciente, percebeu que o produto oferecido por Caim era de fora para dentro, adesão externa e aceitação parcial a obediência, caracterizada pelo sim senhor pela frente e não senhor por trás. Preocupou-se em atender o seu desejo e não em agradar ao acionista. Faltou-lhe visão sistêmica, ou seja, estava mais preocupado com o departamento e menos com o empreendimento, comportando-se como criatura e não criador.   

Abel, entretanto, ofereceu o que tinha de melhor, física e espiritualmente, via adesão interna e aceitação total, demonstrando o compromisso com a aliança firmada no momento da contratação vitalícia, a qual eliminou a necessidade de previdência privada. Ele teve a capacidade e o dom de entregar a sua melhor ovelha, um símbolo de vida e sacrifício, materializando neste ato os valores do comprometimento: autoestima, empatia e afetividade. 

Passaram-se mais de dois mil anos e como as pessoas preferiram herdar a visão míope de Caim, o acionista enviou seu filho para sacrificar-se em prol da salvação do empreendimento. Isto gerou uma mudança radical na administração da terra, ao tornar as pessoas centro dos negócios, já que sob sua liderança passou a imperar a cooperação, igualdade, criatividade, humildade, sabedoria e perdão. 

Estes substantivos amparados pela graça, tornaram as obras mera consequência do trabalho, proporcionando igualdade de condições para todas as pessoas, independente do cargo, formação acadêmica, nível social ou poder financeiro. Uma pena que este tipo de empreendimento exista somente a base de milagres.

sábado, 31 de agosto de 2013

Baião de Dois

Comida típica da região nordeste, o baião de dois é uma mistura de arroz com feijão, sendo cozidos em conjunto, porém com diferentes níveis de cozimento para atingirem o equilíbrio no preparo. Esta combinação humilde e popular, conhecida além das fronteiras, como mouros e cristianos, ao mesmo tempo em que sustenta milhões de brasileiros e conquista espaço na culinária especializada, está sendo depreciada pelas pessoas que se dirigem ao trabalho apenas para fazer o feijão com arroz.

Isto significa dizer que trabalham exclusivamente visando a manutenção das necessidades básicas, ou seja, para garantir a subsistência, o que limita a aspiração profissional a meros grãos. O fato de acordarem de madrugada e, enfrentarem um trânsito caótico, perdendo longo tempo em filas quilométricas, não justifica a dedicação e o comprometimento milimétricos, afinal são conhecedores de suas obrigações, antes mesmo de iniciarem sua primeira jornada.

São pessoas que adoram repetir o mesmo prato e saborear comida requentada devido à preguiça de fazer algo novo, demonstrando que atuam por meio de gestos repetitivos e mecânicos, mesmo quando é possível utilizar a criatividade para dar ao trabalho um sabor especial.

Ocorre que a marmita que carregam no embornal para alimentar seus propósitos, além de fria na motivação, não possui o tempero necessário para despertar o próprio apetite da satisfação profissional. Na verdade o seu conteúdo é tão peculiar, que consegue ser ao mesmo tempo insosso e salgado, na medida em que desidrata a perspectiva da melhora contínua.

Enquanto se esbaldam na glutonaria da rotina, elas matam de fome e inanição a vontade de cooperar, contribuir e crescer. As calorias motivacionais são tão baixas que servem apenas para garantir um esforço físico básico, que ao ser transformado em suor, demonstra que a transpiração supera a inspiração.

Assim, a produtividade é substituída pela ocupação, pois não se doam, engajam ou comprometem com os propósitos geradores da verdadeira riqueza, o qual os levará a cargos cada vez mais desafiadores e remuneradores. O gasto de energia com o pensar, refletir, questionar, aprimorar, planejar, emocionar, apaixonar que desenvolvem o intelecto humano, conduzindo a um estado pleno, é poupado ou limitado pela inércia, ou seja, falta de iniciativa.

É o conhecimento humano deixando de ser o prato principal, ao perder sua capacidade de dar ao trabalho um sentido único, ímpar e diferenciado. Temos aí um alimento servido em um prato raso que não enche a barriga de ninguém.

Quéops, Quéfren, Miquerinos e as Pirâmides em Ruínas

As pirâmides do Egito construídas em uma época em que a ciência matemática não era conhecida pela maioria dos povos, constituem-se em uma das obras mais imponentes, intrigantes e enigmáticas da humanidade, sendo pelas suas próprias características, amplamente utilizadas pelas empresas como símbolo máximo da hierarquia de seus organogramas.

Enquanto elas possuem quatro faces triangulares de medidas praticamente exatas, convergindo para um mesmo vértice, as empresas são formadas por uma pirâmide de inúmeras e diferentes faces que convergem para um único vértice humano, em uma subserviência e obediência cega que impede a expressão de ideias, contradições e opiniões, fontes primárias da criatividade e inovação.

Assim, como as pirâmides representam os raios solares brilhando em direção a terra, baseado na áurea de que os reis após a morte seriam elevados ao sol e se juntariam aos deuses, o líder é a representação máxima de poder, escondendo ou esquivando-se atrás da hierarquia e disciplina, atuando como um ser inacessível aos súditos, que ficam apenas comendo areia nos imensos desertos que se criam nas empresas.

Ao decifrar este enigma, verifica-se que o destino profissional da maioria absoluta que sustenta a base é definido sem que elas tenham suas percepções ouvidas e entendidas, desta forma suas necessidades, acabam sendo cobertas pelas teias e poeira da indiferença.  Assim, o alinhamento entre os valores da empresa e dos empregados, bem como a contratação e recontratação de expectativas deixa de existir afetando todas as partes interessadas.

Neste cenário desolador, cada bloco de calcário representa uma pessoa, cuja união de forças origina uma imensa classe assalariada, mas que não consegue atingir um objetivo comum e nem oferecer ao trabalho um propósito. Ocorre que a ligação ou junção destes empregados é fragilizada pela administração lenta, burocrática, centralizada, complexa e confusa, abrindo arestas e frestas de insatisfações e indignações. Um ambiente em que procedimentos andam sobre camelos e dromedários, pisoteando constantemente a simplicidade que rasteja como uma serpente.

Nesta paisagem dominada por cargos, distâncias e desigualdades faraônicas, pessoas se tornam meros turistas, guiados de um lado para outro em movimentos repetitivos, sem nenhum oásis de satisfação por perto, onde a melhoria das relações baseada no saber ouvir, dialogar e separar posição de interesse é apenas uma miragem.

Não existe convivência, ou seja, ampliação da janela de risco pela exposição e vulnerabilidade, que neste caso seriam vistas como uma grande possiblidade de fortalecimento do caráter humano. Enquanto as pirâmides orientavam-se pelo eixo solar, a liderança perdeu sua orientação ao não compreender que o eixo das relações humanas mudou, ou seja, a acreditação de uma empresa é feita por um único fator social, o empregado regular.

Ao invés de poder e dinheiro as pessoas estão sedentas por conhecimento, respeito e reconhecimento, enfim satisfação profissional. Longe do rio Nilo, ou seja, distante das águas da sabedoria, a liderança não consegue matar a sede da vaidade, sendo responsável pelo próprio embalsamento e mumificação.

Assim, resta aos líderes serem guiados pelos corredores subterrâneos da incompetência, rumo à câmara mortuária da má gestão, atrapalhando o descanso eterno de Quéops, Quéfren e Miquerinos. 

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Leis de Isaac Newton

A três Leis de Isaac Newton, publicadas em 1687, tratam de corpo, força e movimento, a perfeita trilogia que rege uma empresa, pois representam as pessoas que por meio de seus esforços motrizes imprimem velocidade na direção de solucionarem os problemas. Desta maneira, elas permanecem muito atuais no ambiente corporativo, o que pode ser evidenciado por meio de alguns exemplos.
 
 
1ᵃ Lei de Newton, Princípio da Inércia
Os problemas continuam em repouso, pois a liderança não exerce sua força, por entender que não representam perigo aos negócios. À medida que os problemas movimentam-se por todas as áreas da empresa, a velocidade não será alterada, porque a liderança alheia aos fatos permanece na inércia em suas decisões, sendo atropelada pelos problemas triviais e urgentes, prejudicando as estratégicas geradoras de propósito.
 
As pessoas ineficientes e ineficazes permanecem no descanso, porque a força da liderança não age ao acreditar que é normal elas fazerem parte das equipes, afinal não existe nada perfeito e não há homogeneidade no fator desempenho. À medida que aumenta o número de pessoas com este perfil improdutivo, a sua velocidade não será alterada, porque a força da liderança é superada pelos desafios, assumindo implicitamente que elas incorporaram-se à cultura da empresa. 
 
Os comportamentos inadequados ou baixa maturidade continuam repousando sobre as equipes mantendo-as desagregadas à medida que nenhuma força da liderança atua, assumindo que bons relacionamentos podem prejudicar o desempenho geral, devido à possibilidade de formarem complôs. À medida que o número de pessoas ácidas, rabugentas e ignorantes se destaca, a sua velocidade não será alterada, porque os líderes apoiam os que discutem, falam ou gritam mais alto.
 
2ᵃ Lei de Newton, Princípio Fundamental da Dinâmica
A massa de problemas permanece em repouso, deitados no berço esplêndido da inércia, pois a força da liderança é nula, ao optar pela estabilidade, conforto e comodidade. Neste processo lento e moroso de decisões, a massa de problemas aumenta, ou seja, adquire uma grandeza escalar positiva, exigindo finalmente a atuação dos líderes. Porém, como a soma das suas forças é bem menor, ela não será suficiente para gerar uma aceleração adequada de mitigação.
 
3ᵃ Lei de Newton, Princípio da Ação e reação
Um problema gera uma reação da liderança de igual força, direção e sentido contrário, ou seja, as forças não se equilibram e não se anulam, porque na medida em que não há inércia, decisões assertivas são tomadas sobre os problemas, forçando os líderes a caminhar na busca pela melhoria contínua. Problemas como ineficiência, ineficácia e comportamentos inadequados são tratados, assim objetivos, metas e indicadores de desempenho desdobram-se em todos os níveis. Infelizmente, esta lei há muito não vigora em determinadas empresas, foi revogada pela 1ᵃ e 2ᵃ Lei de Newton.

domingo, 19 de maio de 2013

Presos ao Anzol

Rumo a uma pescaria onde a principal isca é você. Assim podemos considerar as reuniões mal planejadas e conduzidas, pois elas são como um rio de águas turvas repletas de surpresas, onde a falta de organização torna-se uma devoradora da produtividade, consumindo o tempo das pessoas sem que isto traga resultados concretos a despeito do nível que ocupam.

O problema é que elas progridem em escala geométrica, enquanto a capacidade de acompanha-las é mantida em escala aritmética, originando um clima de insatisfação, ineficiência e ineficácia. A ausência de pauta, controle do tempo e moderador, contribui para a ocorrência de intermináveis reuniões, sem hora para começar e terminar, alimentando-se do horário de almoço, jantar e lazer, com impactos diretos na saúde física e mental.

Ao término de cada uma, perguntam o porquê foram convocadas ou convocaram a reunião, demonstrando que estas pessoas não agregam valor ou não tem nada a oferecer, inclusive tornando-a muito mais improdutiva, chata e cansativa.

As reuniões que constrangem, procuram culpados, exercem pressão desnecessária e transmitem ameaças implícitas, são uma isca indigesta para estimular a participação, em especial quando elas adotam um tom escravocrata, no sentido de bater e criticar a tudo e a todos, rememorando por diversas vezes os erros cometidos.

Ao invés de se ater ao campo das ideias, os condutores, eternos pessimistas, destilam suas críticas às pessoas, falando continuamente em choque de gestão, mudança de rumo, virada de página e quebra de paradigmas, uma postura que além de não agregar valor, desvirtua o verdadeiro caráter da reunião: a busca pela solução conjunta.

Desta maneira, elas são uma praga tão resistente e adaptável, que sua multiplicação ocorre por videoconferência, teleconferência, ou seja, não há limite para se inventar, alimentar e sustentar inadequadamente esta ferramenta de gestão.

É um círculo vicioso, sem resultados concretos e contínuos, muito anexo, pouco nexo, muita divagação, pouca ação, como uma nau a deriva que segue ao embalo da maré, em um lento, tedioso e improdutivo vai e vem, trazendo resultados frustrantes para quem conduz, participa ou assiste o enrolar e não o desenrolar dos fatos.

Nas convocações, os conversadores e despreocupados chegam primeiro, não devido ao caráter da pontualidade, mas sim para encontrar um lugar discreto no ambiente, ou seja, na parte traseira da sala, para falar mal da empresa, fofocar e criticar a própria reunião, conduzindo conversas paralelas ou euclidianas, que sob a ótica da geometria espacial, nunca cruzarão entre si e muito menos com os propósitos que estão sendo abordados e tratados em conjunto.

Nesta desorganização, entram e saem da sala, levantam para tomar café, água, refrigerante e ir ao banheiro. Não utilizam o modo "vibracall" dos seus telefones e smartphones, mas vibram quando eles tocam músicas ou melodias estridentes e irritantes, cujo barulho é proporcional à falta de educação. Não satisfeitos leem de forma discreta revistas semanais, rabiscam qualquer desenho e talvez façam até caricatura do chefe, mas não anotam absolutamente nada do que está sendo discutido.

Risco e rabisco, nada muito rico, ao contrário uma tremenda pobreza de espírito coletiva e corporativa, em uma agenda sem agenda. O fim do limite ao respeito está próximo quando até mesmo aqueles que ocupam cargos estratégicos bocejam, cochilam, fisgam e pescam literalmente piaba e lambari, fazendo seus corpos curvarem de forma repetitiva na cadeira, como uma vara de pescar, expondo os dorminhocos ao burburinho e as chacotas disfarçadas.

Este comportamento de utilizar reuniões desalinhadas, como regras, pode denotar a falta de um planejamento estratégico, que transformará a empresa e os profissionais em uma isca perfeita, presa ao anzol que poderá ser engolido pela primeira crise financeira.

domingo, 12 de maio de 2013

Caiu na Rede

Nas páginas virtuais, o facebook, myspace, twitter, instagran, skype, orkut, badoo, dentre tantos outros programas e aplicativos conectam sem fio milhares de pessoas em diferentes países e idiomas, rompendo todas as cercas, muros e fronteiras, onde o único passaporte exigido é o acesso a internet.

Criaram uma forma de comunicação rápida, democrática e única, com suas próprias conjugações e tempos verbais, tais como, conectar, navegar, deletar, aceitar, surfar, compartilhar, postar, baixar, curtir, comentar, filtrar e tuitar. Esta forma moderna de diálogo seduziu inclusive os dicionários brasileiros, instigando-os a publicar palavras aportuguesadas, o que no fundo significou uma bela mordida na língua portuguesa.

Na verdade, este não é o problema, ao contrário, o intercâmbio de costumes, idiomas, dialetos, jeitos e trejeitos, independente do meio utilizado enriquece qualquer cultura. Ocorre que a linguagem coloquial e social, amplamente divulgada pelo público antenado, está desconectando a linguagem gramatical, deixando-a com o sinal cada vez mais fraco e lento, como demonstra a seguinte postagem:

“Meu amigo Nirso, disse que o iorgute cazeiro tem menas calorias, não esmagrece, mas tb não ingorda, nos deixa menos anciosos e mais felises para encarar o trampo. Caso esteje muito cansado descanse bastante no fim de semana, para cumprir seus compromissos profissionais sem atrazo e não dormir no servicio. Para completar faça como eu, beba tb um iorgute natural mais dentro do praso de validade e se não lhe agradar vá para a pqp. Kkkk”.

Ao participar ou admitir de forma natural uma linguagem que usa termos de baixo calão, simplifica palavras e elimina vogais de forma usual, constante, repetitiva, insistente e corriqueira, as pessoas estão contribuindo para que juventude não curta o bom vocabulário e a boa escrita, ferramentas que irão interferir diretamente na redação, a qual é importantíssima para a conexão veloz com o curso superior e o mercado de trabalho qualificado.

Como se não bastasse, criam perfis falsos, aprendendo a mentir até virtualmente, multiplicam os álbuns de termos chulos, compartilham os erros de português e postam fotos sensuais, mostrando um currículo negativo para o mercado de trabalho, o qual está ávido por curtir pessoas competentes. Elas esquecem que as empresas também surfam na internet prestando atenção a tudo e a todos, valorizando as pessoas que estão na crista da onda, ignorando aquelas que tomam o famoso caldo e são levadas de volta para a areia, atuando como meras expectadoras.

A situação fica mais desconfortável, quando são bloqueadas ou capturadas na rede durante o horário de trabalho, acessando sites impróprios ou ocupando o tempo na navegação desgovernada. Nitidamente as empresas aceitam pessoas criativas, descoladas, extrovertidas, alegres, comunicativas, conectadas, porém, elas apagam aquelas que prezam pela falta de bom senso e respeito.

A senha de que definitivamente caíram na rede do vício da má educação é a reprovação em um exame, concurso ou emprego. O arrependimento de não ter valorizado a escola, os estudos e a leitura, será ofuscado pela velocidade com que irão se dedicar a navegar nas salas de bate papo, neste caso furado. As pessoas esquecem de que ao se relacionar virtualmente, expõem na tela uma boa parte de seus pensamentos, comportamentos e personalidades.

Quando digitam algo e teclam “enter”, elas saem do mundo real, particular e entram no universo virtual, coletivo, expondo suas ideias, opiniões, contradições e por vezes o seu corpo na forma tridimensional. Ao publicar fotos do tipo “Eva”, sem medo e sem pudor, perante uma câmara de vídeo, mostra que morderam a fruta do pecado, assumindo o risco de ter despida toda intimidade, algo valioso e precioso, que deveria ser preservado.

Quando vaza o conteúdo indesejado, não há antivírus que cure os males ou photoshop que maquie os estragos feitos na própria imagem. Este texto e contexto demonstram que a internet 1G, Gramática que enriquece, foi lamentavelmente substituída pela internet 3G, Gafes, Gerúndios e Galhofas, que empobrecem, desligando da tomada qualquer oportunidade de crescimento humano e profissional. Like. Comment. Share.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Apagão de Líder

Se há empresas que não possuem líderes suficientemente preparados para acompanhar seu ritmo de expansão e renovação de talentos, é porque não conhecem adequadamente o perfil profissional de seus colaboradores, já que nunca se preocuparam na implantação de um programa para qualificar e reter seus profissionais estratégicos.

Uma parte considerável deles nasceu e cresceu no berço da própria entidade, cujo aprendizado deu-se na prática do dia a dia, muitas vezes tirando leite de pedra. Porém, como o berço estava mais para manjedoura, não foram suficientemente preparados para formar equipes e serem multiplicadores de líderes.

Estas empresas que vivem em pane e completamente cegas para as pessoas, não conhecem o desempenho, comportamento e capacidade de delegação de seus profissionais, portanto, não podem alçar voos arrojados.

Elas simplesmente avaliam e focam aspectos relativos às questões administrativas e financeiras, conduzindo a um ambiente altamente competitivo, desgastante e estressante, sem que sejam atingidos resultados consistentes e coerentes, a despeito dos esforços feitos de forma sistemática.

 Como gastam muita energia em prol de nada e operam na mesmice, não possuem capacidade de formar e reter talentos, bem como não são capazes de definir o perfil ideal para cada uma das suas estratégias, seja para construir equipes ou integrar um novo negócio.

Por não possuírem uma linha sucessória bem planejada, seus líderes não possuem sucessores selecionados nos quadros da empresa, perdendo a possibilidade de ter profissionais mais alinhados com os seus valores e cultura.

Nestas empresas, a escassez de renovação de pessoas talentosas, faz com que poucos detenham o conhecimento e o poder de decisão, centralizando as informações, evitando que ela se propague na geração de competência para a formação da liderança.

A energia gerada além de cara e fraca gera choques e picos de tensão, muitas vezes queimando todas as possibilidades de acender uma luz no fim do túnel, por meio da qual seria possível iluminar o caminho que levaria ao encontro de líderes de alto desempenho.  

quinta-feira, 2 de maio de 2013

O Aviso Prévio da Meritocracia

Você e sua empresa sabem qual é o valor do trabalho? Você e sua empresa sabem qual a habilidade, o conhecimento e a atitude necessária para gerar competência e alcançar os resultados esperados?

Se a resposta for não, provavelmente você acha que trabalha muito, ganha pouco e merece uma promoção. Nunca está satisfeito com o seu salário e por mais que receba aumento, ele nunca será suficiente para cobrir suas despesas já que concomitantemente aparece a insaciável sede de elevar o padrão de vida.

Gastar, reclamar, lamuriar, choramingar e lamentar, verbos conjugados em uníssono, que remetem a uma visão distorcida, onde você só enxerga direitos, ignora obrigações e vive comparando de forma simplista o seu salário com os demais, ignorando fatores importantes, como ambiente, cultura, valores, práticas, conduta, solidez, reputação, benefícios, desafios, educação, oportunidades, credibilidade, políticas, responsabilidade e perfil.

Não entende que há pessoas diferentes fazendo coisas iguais e pessoas iguais fazendo coisas diferentes, ora recebendo salários iguais, ora recebendo salários diferentes e ao abrir o contra cheque, essas situações induzem você a sentir-se um pobre coitado explorado pela mais valia da força de trabalho capitalista.

Se existirem na mesma empresa muitas pessoas como você, teremos gente demais, trabalho de menos, poucos comprometidos, muitos envolvidos, muitos ocupados, poucos produtivos, demonstrando que para cada folgado, haverá um sobrecarregado. Neste contexto, a empresa por sua vez mostra que não possui um plano de cargos, salários e carreira.

Por não conhecer o equilíbrio interno e externo, ela avalia as pessoas tendo como base a subjetividade ou a boa vontade de cada gestor. Devido à falta de regras claras, esforço, pontualidade, assiduidade, responsabilidade, são adjetivos usados para as promoções anuais.

Quem põe a mão na massa, veste a camisa, suja a mão de graxa, pega pesado no batente, bem como é pau para toda a obra, torna-se um forte candidato a receber um aumento salarial. Comentários do tipo “ele está há três anos sem promoção”, “ele merece”, “ele cuida bem de seus equipamentos”, reforçam o quanto a falta de critérios torna o ambiente de trabalho cada vez mais desigual e menos transparente.

Como a empresa está abarrotada de pessoas com este perfil, as promoções são concedidas em cascata e para atender esta demanda, ela se vê obrigada a criar ou adaptar cargos, transformando sua lista de funções em um longo e inglório alfabeto: supervisor “A”, supervisor “B”, supervisor “C”, assistente “A”, assistente “B”, assistente “C” e assistente “D”.

Estes exemplos já são suficientes para mostrar que há uma inversão de valores, onde obrigações funcionais são convertidas em crescimento horizontal ou vertical, ocupando postos cada vez mais altos e caros. Enquanto isto, a meritocracia permanece estagnada em um cargo sem qualquer prestígio, onde vez por outra, alguém ou ninguém, balbucia seu nome, mas rapidamente a ignoram.

Como ela perde o significado no meio desta cadeia e teia, fios e pavios de interesses individuais, ela é colocada em aviso prévio, acendendo o estopim que detonará qualquer possibilidade de estabelecer objetivos, metas e indicadores de desempenho. Pouco tempo depois a meritocracia será demitida e sem carta de referência baterá de porta em porta a procura de recolocação.

Não perderá tempo, afinal detesta seguro desemprego e adora ser útil, oferecendo propósito ao trabalho. Mesmo existindo no mercado, mais vagas, que candidatos, ela não será recrutada, visto que as empresas não estão preparadas para selecioná-la, recrutá-la, treina-la e retê-la.

Ao optar pelo nivelamento por baixo, haverá prejuízo na busca pela eficiência, redução de desperdícios, resolução de problemas de qualidade, diminuição de custos e geração de lucros, prejudicando a competitividade. O processo de recrutamento tornar-se-á longo e demandará um maior nível de exigência e conhecimento dos recrutadores, aumentando os custos de captação.

domingo, 28 de abril de 2013

Cuspir no Prato que Come

Pode haver empresas que não valorizam as pessoas, assim como pode existirem pessoas que não se comprometem com as empresas. Sendo isto possível, murmúrios, lamentações, intrigas, fofocas, reclamações, difamações, alimentam as conversas de corredor e cafezinho, roubando a produtividade pela má conduta e comportamento.

Saem mais cedo para o almoço e retornam mais tarde para o trabalho, usufruindo além do limite do tempo de descanso. Costumam bater o ponto na hora exata, tanto para entrar quanto para sair, no entanto fazem de tudo para começar suas atividades mais tarde e encerrá-las mais cedo.

A presença física é apenas para garantir mais um dia remunerado, já que a mente está literalmente concentrada no relógio de ponto. A estes atrasos corriqueiros, verdadeiros matadores da produtividade, somam-se as faltas sem justificativas, as quais sobrecarregam quem comparece habitualmente ao trabalho, demonstrando que funcionários com este perfil não fazem falta.

Como não há limite para o mau caráter, forjam acidentes de trabalho e falsificam atestados médicos, mostrando que se existe uma doença ela é a falta de integridade. Reclamam da comida, classificando-a como ruim, mesmo quando comprovadamente isto não é verdade. No fundo isto é mais um prato cheio para alimentar a mente dos negativistas, que não se cansam de comer, beber, divertir, fartar, mas se sente exaustos em propagar o bem estar.

Falam mal do chefe e dos colegas, afinal apunhalar pelas costas para baixar a autoestima é um método traiçoeiro e infalível. Dizem que não apresentam tempo para nada, pois são muito ocupados, na verdade são pouco produtivos. Criticam as condições de trabalho, mesmo que elas estejam dentro dos melhores padrões, pois o importante elas é tirar do trabalho o verdadeiro propósito que é gerar resultados mútuos.

Mesmo recebendo uma remuneração justa e compatível com o mercado, à moeda de troca oferecida por elas é espalhar pelos quatro cantos que a empresa paga uma mixaria, uma tentativa frustrada de chamarem a atenção e serem reconhecidas, que não vale um tostão. Não adiantaria encher seus bolsos, pois além de furados, eles não têm fundo para a satisfação.

Nas linhas e entrelinhas, adotam expressões vazias e fúteis do tipo a “empresa finge que me paga e eu finjo que trabalho”, “direto do trabalho para a balada”, “sexta-feira dia internacional das armações”. Jamais perguntam o que elas podem fazer pela empresa, mas sim o que a empresa pode fazer por elas. 

Esta visão unilateral e egoísta, cega o bom senso, respeito e reconhecimento que deveriam ter pelas empresas plenamente sustentáveis. Realmente é difícil entender o porquê estas pessoas agem assim, já que o seu sustento advém dos recursos pagos pela empresa que elas mesmas escolheram, por prazer ou por necessidade, para contribuir com sua força de trabalho.

Não importa, pois em ambas as situações são pagas para oferecerem o melhor de si, já que partiram de uma escolha própria, que entenderam ser a mais correta. Muito mais incompreensível é o fato de continuarem a trabalhar em um local que insistem em criticar e comparar pejorativamente com os concorrentes.

É o fim da jornada, principalmente para a empresa, quando ela não consegue enxergar esta falta de comprometimento, a tempo de evitar que um CPF com restrição no SPC, Serviço de proteção ao Comprometimento, ponha em risco ou cause o encerramento de um CNPJ, este sim empreendimento responsável por abrigar uma infinidade de CPF, ou seja, a maioria comprometida não pode ser prejudicada pela minoria envolvida.

A Democracia do Tempo

A maior dificuldade do líder é delegar tarefas aos seus subordinados e ao aceitar da equipe tarefas simples, comuns, corriqueiras e circunstanciais que deveriam ser resolvidas nos níveis inferiores, ele entra em um círculo vicioso que lhe transmite a sensação de improdutividade, pois neste caso ele transpira muito e inspira pouco.

A preocupação ou a vontade em resolver todas as pendências, o conduz a uma gestão por espasmos, perdendo a capacidade de concentrar-se nas decisões estratégicas. Quando realiza atividades sem que estas gerem um propósito, o tempo passa tão rápido, que ficar até tarde no escritório torna-se um hábito tão comum que terminam por descuidar da família e dos amigos.

Encontrar o perfeito equilíbrio entre a vida profissional e pessoal tem sido o grande desafio mundo moderno, onde a velocidade de comunicação tem gerado uma sobrecarga desumana de trabalho, já que o volume de informações a serem administradas em um curto espaço de tempo tem atingido velocidades geométricas, ao passo que a capacidade de administrá-las segue em velocidade aritmética, pois a resposta do corpo nem sempre acompanha a da mente, ou vice e versa.

Dosar uma bebida é muito mais fácil do que dosar o tempo destinado às coisas importantes, separando-as adequadamente das triviais e urgentes. Embebedam-se no trabalho tomando doses cavalares de atividades sem propósito algum. Acordam de ressaca prometendo a si mesmos de que isto nunca mais se repetirá, porém na primeira oportunidade, lá estão tomando mais uma drinque desta bebida inebriante chamada rotina, a qual se traduz como incapacidade de administração do tempo.

Todos têm ao seu dispor vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana e trezentos e sessenta e cinco dias por ano. O que diferencia o tempo de cada um é apenas a maneira de usá-lo. O tempo conjuga verbos envoltos de razão e emoção, pois há o tempo cronológico e o tempo biológico, que insistem em progredir por meio de velocidades diferentes. Não se perde ou se ganha tempo, apenas se faz bom uso do mesmo, afinal o tempo não pode ser armazenado, adquirido, recuperado ou renovado.

Dentro deste contexto há tempo de falar e tempo de ouvir, há tempo de contratar e tempo de demitir, há tempo de chorar e tempo de sorrir, há tempo de planejar e tempo de agir, há tempo de abraçar e tempo de afastar, há tempo de comandar e tempo de obedecer, há tempo de dizer sim e tempo de dizer não, há tempo de gastar e tempo de economizar, há tempo de investir e tempo de depreciar, há tempo de pagar e tempo de receber, há tempo de trabalho e tempo de laser, há tempo nascer e tempo de morrer.

Este último verbo indica que a passagem do tempo é um processo natural e inevitável, onde a melhor maneira de usufruir as suas benesses é viver intensamente cada segundo, dedicando tempo e atenção a tudo e a todos. Quantos anos, meses, dias, horas, segundos e minutos ainda lhe restam? Eis o problema: não há resposta correta, pois ele não lhe pertence.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Do Berço ao Paletó

Nascer, engatinhar, andar, falar, divertir, crescer, estudar, aprender, graduar, namorar, trabalhar, aperfeiçoar, amadurecer, noivar, casar, procriar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar,

trabalhar,trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar,

trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar,

trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar,

trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar,

trabalhar, estressar, cansar, anular, estabilizar, desmotivar, desligar, divorciar,  medicar, medicar, medicar, medicar, medicar, medicar, medicar, medicar, medicar, internar, gastar, gastar, gastar, gastar, gastar, gastar, gastar, gastar, gastar, gastar, gastar, gastar, gastar, gastar, empobrecer, amargurar, isolar, deprimir, embebedar, entristecer, arrepender, morrer.

As Figuras do Criador e Criatura

Todos nascem criador, mas por influência do meio, adquirem um estado e uma condição de inércia, tornando-se criaturas, ou seja, indivíduos acomodados e distantes de uma vida plena. Ocorre que o rótulo de criatura está mais no inconsciente dos indivíduos, que indiretamente afeta as práticas e ações de criatividade de cada um deles.

O líder deve oferecer a estas pessoas a oportunidade de trabalharem como criadores, para tanto ele precisa reconhecê-las e influenciá-las, trazendo significado para suas vidas, demonstrando para elas o que, como, quando, porque e onde. O trabalho da liderança é eliminar os componentes que os tornam criaturas.

A maioria das pessoas não quer simplesmente ocupar um lugar no organograma do departamento, elas desejam na verdade fazer parte do empreendimento, onde possam ser empreendedores e não meros executores de tarefa. Elas sabem que nos empreendimentos há realizações e nos departamentos há distrações.

O líder deve trabalhar as disciplinas da superação e da criação, fechando as portas do departamento e abrindo as portas do empreendimento. O empreendimento necessita de propósito, orientação e percurso. Quem se dirige ao trabalho apenas pensando em garantir o seu emprego, prover o sustento de sua família e atender as suas necessidades básicas, corre o risco de se tornar um mero executor de tarefas.

O verdadeiro trabalho não suporta a mesmice ou desejo de que a semana não ande, mas voe. Ele implica em paciência, perseverança, dedicação, esmero e cuidados. Não importa se trabalhamos por prazer ou necessidade, em ambas as situações ele deve ser realizado da melhor maneira possível, pois ele estimula a saúde física e mental, aquecendo os neurônios e queimando calorias, produzindo uma energia carregada de emoções positivas e conhecimento saudável.

Falo do trabalho digno, que respeita os preceitos econômicos, sociais e ambientais, onde a principal força motriz, o homem, é visto como o centro desta engrenagem. Neste processo para que a participação dele elimine a frustração, aquilo que ele pode decidir, decide. Aquilo que ele não pode decidir, influencia. Aquilo que ele não pode decidir e influenciar administra, caso contrário ele mudará de emprego ou profissão, pois em qualquer nível, o trabalho deve ser encarado como um prolongamento de nossos desejos e paixões.

Entregar-se a ele de corpo e alma, não significa submeter-se a condições degradantes, humilhantes ou a jornadas extenuantes, ao contrário, se todos agirem de maneira apaixonada, a integridade, a ética e o respeito, não permitirão que haja espaço para a exploração inesgotável da força humana. A mais valia sempre existirá, mas cabe a cada indivíduo fazer a sua parte de modo que o desenvolvimento da organização esteja atrelado ao crescimento humano.

Assim deve-se trabalhar primeiramente em busca de se adquirir competência, ou seja, capacidade em conjugar o conhecimento, as habilidades e o comportamento em prol de resultados comuns, de modo que haja maior possibilidade de reconhecimento profissional, pessoal e financeiro. Esta conjugação trará naturalmente um apreço e um desejo diferenciado pelo trabalho.

A sensação do dever cumprido é o nosso maior legado, pois o resto é consequência de nossa perseverança, dedicação e esforço. É necessário transpirar menos e inspirar muito mais. Precisamos dar as ciências exatas, um caráter mais humano, transformando dados em informações verdadeiras, evitando a tentação de forjar números em benefício próprio ou da organização.

De Olho no Cuco

Quando você está alegre com a sexta-feira e depressivo com a segunda-feira, significa que algo não está caminhando bem, especialmente no trabalho. É um indicativo de que o prazer de contribuir, relacionar e conhecer está sendo substituído pela ansiedade, enfado e cansaço. Nesta situação você deseja uma passagem rápida do tempo, de preferência que ele não ande, mas simplesmente voe.

Olhar o relógio e contar as horas para o término da jornada de trabalho passa a ser sua principal ocupação e preocupação, esquecendo, porém, que junto à passagem do tempo vem o desgaste físico e mental. Os reflexos não são os mesmos, aproxima-se a lentidão, o cansaço e a acomodação. Gestos simples como subir uma escada ou uma ladeira, fica muito mais difícil.

Acompanhar a energia dos mais jovens é quase uma tarefa impossível. Todos ao seu redor andam sobrecarregados realizando múltiplas tarefas, assim, torna-se normal para você falar ao telefone, ler ou responder e-mail, assinar documentos e despachar com as pessoas de forma simultânea, afinal no seu pensamento o tempo é curto e custa dinheiro.

Não adianta, mesmo agindo desta maneira, você fica com a sensação de que gasta muito tempo, fazendo muito pouco, indicando que não consegue separar o que é realmente importante, urgente e trivial. No meio desta fogueira você atua apagando incêndio e como é um falso bombeiro acaba por utilizar o extintor errado, sendo consumido lentamente nas chamas da mera execução. 

Este peso na consciência de que ainda há muita coisa importante pendente, apesar de todos os esforços, “obriga-lhe” a trabalhar até mais tarde. Quando em gozo de férias não vê hora de voltar para a empresa, pois não consegue se desconectar dos afazeres, afinal precisa sobreviver. Sobreviver eis uma palavra que limita a busca pela verdadeira riqueza.

Enquanto sobrevive no trabalho, vai morrendo em suas relações. Sabe por quê? Vaidade de vaidade, tudo é vaidade. No fundo você sabe que homem não obtém o verdadeiro proveito de todo o seu trabalho com que se fadiga debaixo do sol.  Muitas vezes ele perde a saúde, a família, os amigos e o prazer pelas coisas simples em prol da mal fadada estabilidade financeira.

O tempo passa, o vento vai para o sul e faz seu giro e retorna aos seus circuitos. Levanta-se o sol, põe-se o sol e volta ao seu lugar, onde nasce de novo. Os olhos não se fartam de ver, nem de encher e os ouvidos de ouvir. Assim também é o homem, na sua mesmice a procura de emprego, salário, poder, estabilidade, prazer.

Edificar casas, acumular bens materiais e conseguir tudo que os olhos desejarem também isto é vaidade. Como envelhece com pouca sabedoria, pequenos gestos diários, como exercitar a paciência, perseverança, tolerância, compreensão, são deixados de lado. O mesmo ocorre com a saúde, já que nunca tem tempo para a prática regular de exercícios físicos.

Assim, quando estiver bem mais velho, não será capaz de administrar os conflitos, as incertezas, as tragédias, as decepções e como o corpo estará muito debilitado, a idade cronológica terá vencido a idade biológica. Este mau uso do tempo será mostrado publicamente por meio de rugas, cicatrizes, pintas, manchas, flacidez e dores.

Lembre-se que virão os dias em que tu dirás não tive neles prazer algum. Um dia você poderá se arrepender e concluir que o resultado material do teu trabalho realmente foi vaidade, pois tudo que acumulou será deixado ao homem que vier depois de você. Como sabe se ele será sábio ou tolo? Quando você não trabalha com sabedoria, conhecimento e habilidade, não consegue adicionar emoção, inspiração e paixão em tudo àquilo que faz.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

A Árvore, os Macaquinhos e a Banana

Em uma empresa podemos destacar o líder, os problemas e as soluções, que podem ser comparados a uma árvore, um macaco e uma banana. Assim como a árvore é uma fonte de abrigo, proteção, alimento e sustentação, o líder protege e abriga sua equipe contra as intempéries e contratempos dos problemas internos ou externos, alimentando-a permanentemente com seus conhecimentos e competências.

Ao incorporar uma cultura baseada em valores e condutas, voltadas para o atendimento das necessidades e expectativas, ele faz com que as equipes criem raízes que passam a ser à base de sustentação do negócio. No caso dos problemas eles são como macaquinhos, multiplicam-se com facilidade, pulam de galho em galho, algumas vezes se escondem outras aparecem, ora são amenos, ora são agressivos. São desafiadores e exigem cuidados na lida diária, porque ao menor descuido alcançam um tamanho difícil de administrar.

As soluções dos problemas são como bananas, podendo ser apresentadas individualmente ou em penca. Normalmente são divididas ou compartilhadas, porém a sua digestão é feita uma a uma. Uma vez encontrada tem de ser usada imediatamente para não perder suas propriedades. A forma como se apresenta na maioria das vezes define se será ou não aproveitada. Podem ser usadas tanto no trabalho quanto na vida pessoal, sendo uma verdadeira fonte de energia para quem a encontra. É muito fácil de ser alcançada, mas como as pessoas gostam de complicar não a encontram, por não acreditar nas coisas simples.

Torna-se fácil entender que esta tríade encaixa-se perfeitamente no mundo corporativo, onde o centro dela está baseado na árvore, ou seja, no líder, cujo maior desafio é encontrar a banana certa para cada tipo de macaquinho, enfim a solução correta para cada um dos problemas. Ocorre que esta lógica nem sempre persiste, especialmente nas empresas onde predominam gestores que não atuam como uma árvore, não gostam de macaquinhos e por incrível que pareça muito menos de banana.

Assim, eles preferem atuar na sombra, na moita, ou melhor, no conforto, livrando-se sempre que podem dos problemas. Na ânsia de passa-los adiante não analisam o grau de importância de cada um, livrando-se até mesmo dos triviais, colocando os macaquinhos em estado de inanição ou alimentação institivamente na árvore. Para muitos se torna conveniente encontrar alguém, que alimente e sacie a famigerada fome de um bando de macaquinhos denominados problemas.

Assim eles sorrateiramente vão sendo colocados nos galhos da árvore e com isto vão crescendo, crescendo, esgotando a fonte de nutrientes, que possui capacidade limitada para resolver todos eles. À medida que o tempo passa eles sugam e esgotam o tempo do líder, impedindo que ele use sua capacidade, conhecimento e competência para dar ao trabalho um propósito. Dia após dia ele sente-se cada vez mais incompetente e inoperante.

A banana fonte de alimentos e energia, não existe em quantidade suficiente para alimentar a prole de macaquinhos que se multiplicam rapidamente em uma única árvore, cujos galhos começam a demonstrar sinais de fraqueza, pois não há preocupação em cultivar soluções, pois dá muito trabalho plantar, manter, colher e replantar.

Porém, como problema de líder é problema de liderado, a falta de alimento para saciar a fome dos macaquinhos e assim matar os problemas em sua cauda raiz, decorre da incapacidade do líder em saber conduzir sua equipe, delegando autoridade e cobrando responsabilidade. No meio deste bando de problemas, ele se perde no tempo e no espaço, não conseguindo enxergar que os macaquinhos paulatinamente vão sendo substituídos por gorilas, fazendo com que o líder escorregue nas muitas cascas deixadas pelo caminho.

Em determinado momento não haverá mais macaquinhos, mas somente gorilas cuja prole se propagará geometricamente em todos os níveis e como não haverá qualquer tipo de alimento, eles quebrarão não somente uma árvore, mas todas aquelas que fizerem parte desta floresta, deixando a todos os seus dependentes sem abrigo e alimento.

Corda no Pescoço

A não satisfação é um dos maiores males que aflige lenta e sorrateiramente o ambiente corporativo, devido à falta de entendimento e atendimento das necessidades e expectativas das pessoas, que se dirigem às empresas em busca de um propósito, a grande razão do trabalho. Parte deste problema se deve a falta de perfil adequado, experiência e interação dos líderes com suas equipes.

Esta composição negativa contribui para que eles fiquem isolados em suas estações de trabalho, cercados por mesa, computador, impressora, clips, grampeador, pincéis, marcadores de texto, carimbos e post it, totalmente escondidos atrás de uma pilha de documentos, perdendo por completo a noção do grau de satisfação de seus liderados.

Sua secretária possui um papel fundamental nesta tarefa. Ao invés de se preocupar em organizar a agenda de compromissos com as pessoas, ela se vê obrigada a garantir a individualidade do gestor, transformando-se meramente em uma leva e traz de papéis. 

Esta falta de relacionamento diário, contínuo e presencial, abre uma janela de oportunidades para greves, pedidos de demissões, demissões e o que é mais danoso, o assédio dos concorrentes, ávidos por pessoas capacitadas e treinadas, já que o mercado é carente de profissionais qualificados. Isto demonstra claramente que os gestores focam toda sua energia nos procedimentos, processos e atividades, sendo as pessoas tratadas apenas como acessórios ou periféricos.

Assim, o executivo, mão-de-obra altamente qualificada e remunerada, passa a ser um mero executor, realizando tarefas repetitivas, tais como ticar, carimbar, assinar, grampear, despachar e imprimir, ações meramente burocráticas e dispendiosas, esquecendo-se de atuar lado a lado das pessoas, as quais são os verdadeiros fatores de produtividade e resultado.

Neste sistema de gestão, lucro, receita, despesa, custo, investimento, são palavras conjugadas em primeiro grau, ao passo que capacitação, motivação, satisfação, reconhecimento, são relegadas ao segundo plano. Assim, nota-se que não ocorre nem uma coisa e nem outra, pois não é possível gerar resultados concretos sem que haja a participação e o comprometimento das pessoas.

Gerenciar máquinas e equipamentos é muito mais fácil, pois há fatores concretos envolvidos, tais como valor de aquisição, valor residual, depreciação, vida útil, manutenção corretiva, preventiva e preditiva, ao passo que liderar pessoas implica em entender e atender carências, necessidades, expectativas e valores, atributos estes pautados pelo caráter emotivo e pessoal, onde em cada mente há uma maneira distinta de raciocinar e reagir perante as diferentes situações.

Por mais que se tenha isto de forma clara e precisa, os gestores com estas características não possuem aprendizado suficiente para aceitar as pessoas como centro dos negócios, mesmo porque o ser humano é individualista por natureza, não enxergando nada além do que lhe convém, tornando-se vulnerável perante os seus pares e a si mesmo.

A grande verdade é que certos detentores do poder não são capazes e suficientemente preparados para gerenciar seus próprios conhecimentos, pensamentos, interesses e emoções, sendo difícil para eles liderarem pessoas, as quais carecem justamente do entendimento de seus fatores comportamentais.

Portanto, se o chefe não possui uma boa experiência, um bom equilíbrio emocional, um bom discernimento e uma boa interação com sua equipe é fácil entender porque à medida que o tempo passa a não satisfação atinge um nível tão alto, onde a demissão ou pedido de demissão torna-se uma decisão inevitável, deixando o gestor literalmente com a corda no pescoço a espera da abertura do cadafalso da incompetência.

Charles Darwin e a Origem das espécies

Charles Robert Darwin, foi um renomado naturalista britânico que nasceu na cidade de Shrewsbury em 1809. Ele se destacou no meio científico por seus estudos  sobre a teoria da evolução, descrita no livro a Origem das Espécies. Segundo suas descobertas os indivíduos com maior capacidade intelectual, locomoção, reprodução, imunidade e resistência às condições adversas de ambiente e clima, sobreviveriam, enquanto os mais fracos pereceriam.

Neste teoria, conhecida como a lei do mais forte, é preciso dissociar a atuação do homem dos demais seres vivos no que diz respeito a luta pela sobrevivência. Na natureza, o principio da seleção natural ocorre de forma equilibrada em toda cadeia alimentar. Os cupins, formigas, vespas e abelhas apesar de serem desprovidos de raciocínio lógico, conseguem viver em uma sociedade muito bem organizada, dividida em classes e tarefas.

Esta convivência altamente complexa, conhecida como eusocialidade abrange o cuidado cooperativo com a prole, as funções reprodutivas e operárias, além da sobreposição de gerações em uma mesma colônia, garantindo o perfeito funcionamento e manutenção do ambiente comum. Neste conceito destacamos as abelhas, onde a rainha é responsável pela propagação da espécie, o macho por fecunda-la e as operárias pelos cuidados com a manutenção do ninho.

Já o homem, ser psique e social, cuida da prole, delega e cumpre tarefas, propaga a espécie, permite a convivência de diferentes gerações em um mesmo teto, porém ao contrário dos insetos eusociais não consegue viver em equilíbrio com indivíduos semelhantes. Apesar de estar no topo da cadeia alimentar, lamentavelmente pode-se dizer que é uma das piores pragas que existe.

Em linhas gerais, ele não consegue usar os seus conhecimentos em prol da coletividade, sendo excessivamente individualista e altamente competitivo, muitas vezes passando por cima de tudo e de todos não impondo limite a si mesmo, especialmente quando detém o poder.

O homem está mais apto a retirar uma vida do que propriamente dar a sua em benefício de alguém. O zangão, ao contrário, em plena lua de mel durante o voo nupcial morre após a cópula, não tendo nem a oportunidade de conhecer seus descendentes diretos. É o sacrifício em prol da coletividade, o altruísmo levado ao pé da letra.

Esta comparação, a princípio descabida e desmedida, a luz da razão faz todo sentido, quando nos leva a refletir sobre o papel individualista que o homem tem exercido perante a sociedade, esquecendo-se de servir, cooperar, repartir, multiplicar, doar, respeitar, apoiar, dentre outros tantos verbos que expressam à verdadeira contribuição humana, aquela desprovida de qualquer interesse escuso.

Ao invés de permitir que as pessoas se deleitem do mel gerado pelas coisas doces da vida, ele prefere se esconder dentro de uma colmeia totalmente isolada e vedada. Este mesmo homem é o que está espalhado por diferentes empresas, ora liderando, ora sendo liberado, mas de alguma maneira ferrando alguém sem qualquer motivo.

No ambiente corporativo, opta por se refugiar em uma zona de conforto e quando conveniente, ele deixa sorrateiramente seu habitat, voando em direção aos próprios interesses. Voos suaves, discretos e assertivos, porém individualistas e traiçoeiros.

Como identificar o “eu” que há em cada homem e torna-lo como esses insetos, no que diz respeito à eusocialidade, é o grande desafio de quem pretende se tornar um líder capaz de atender as necessidades e expectativas das pessoas, de modo a manter completamente motivadas.

Talvez muitas gerações não desfrutarão da oportunidade de aprender nem com os homens e muito menos com os insetos, pois a capacidade destrutiva do ser humano tem sobrepujado o seu poder construtivo, fazendo com que ele perca a grande chance de ampliar a sua sobrevivência e o seu aprendizado, já que nem a natureza ele respeita, incluído aí os insetos.

Desta forma, o homem corre o risco de viver isolado, tornando-se uma espécie rara em uma ilha qualquer. Porém, desta vez não haverá o navio H.M.S Beagle para trazê-lo de volta a sociedade.