terça-feira, 22 de outubro de 2013

Abraham Lincoln, o Lenhador

“Se eu tivesse apenas uma hora para cortar uma árvore, eu usaria os primeiros quarenta e cinco minutos afiando meu machado.” Eis um ditado perfeito de Abraham Lincoln, um dos mais renomados presidentes que o mundo conheceu. Por meio da nobre função do lenhador, ele retratou pela simplicidade a importância do planejamento especialmente na vida empresarial.
 
Sob esta ótica, o lenhador não tem dúvidas de que uma das partes mais importantes do seu trabalho e ter um machado afiado. Porém, muito antes, ele sabe exatamente o que, quem, porque, como, quando e onde, devera ser cortada a arvore. Assim, institivamente ele planeja de forma estratégica sua tarefa diária, ao contrário daquelas empresas que estão mais preocupadas em executar do que se preparar para as dificuldades do negócio, perdendo-se no estreito, enferrujado e cego fio do improviso.
 
Quanto menos preparado for o machado, maior será o numero de cortes necessários para obter pedaços de lenha adequados. Muitos calos nas mãos e suor no rosto, sem a garantia de que o resultado será alcançado. Isto também ocorre com as corporações despreparadas, calejam e pelejam sem propósito, porque os princípios e valores que retratam fielmente o que ela acredita e pratica são apenas lascas de madeira lançadas no ar, sem direção e proveito.
 
 Assim, entende-se que a missão do lenhador é produzir lenha de forma sustentável, algo abrangente que representa a existência de seu empreendedorismo. Ao mesmo tempo e lamentável verificar em uma atividade simples, aquilo que não conseguimos enxergar em empresas sem uma razão de ser, porque elas não possuem ponto de partida. Neste cenário há o risco das decisões enviesadas com desperdício significativo de recursos ambientais, econômicos e humanos.
  
Enquanto em seu humilde olhar ele deseja ser reconhecido como o melhor profissional em sua área de atuação projetando um sonho a ser alcançado, empresas sem visão expressam a ausência de um objetivo a ser atingido, ou seja, não miram o lugar onde estarão no futuro. Assim, elas demonstram que não conseguem aplicar o aprendizado em prol do que esta por vir. Nesse sentido, o lenhador enxerga um bosque, enquanto as empresas enxergam uma árvore.
 
Além disto, o lenhador sabe exatamente qual lado da árvore e como ela deve ser cortada, para que esta não lhe atinja, cause danos irreparáveis ou prejudique as outras árvores ao seu redor, mantendo assim o plano de manejo sustentável. Ele conhece suas fraquezas, fortalezas, ameaças e oportunidades, conceitos simples, mas que não são levados a sério no ambiente de negócios.  
 
Ao se comprometer em transformar uma árvore de um metro cúbico em lenha ao final de três dias, ele estabelece desafio mensurável, atingível, realista e temporal, algo de fazer inveja a muitas organizações que não possuem objetivos e metas, impedindo clareza e direcionamento das cobranças. Assim, elas atuam na casca ao invés de atuar no cerne dos problemas estruturais.  
 
Este contexto mostra que as empresas sem um planejamento estratégico são como lenha verde cujo poder calorífico sequer mantem acesa a fogueira de vaidade da liderança, especialmente quando ela recebe bônus em ano de prejuízo. A ponte entre onde a empresa está e almeja chegar daqui a três anos, deixa de ser construída, porque os pilares de Harry Igor Ansoff, Michael Porter, Albert Humphrey e Boston Consulting Group são desmoronados pelas intempéries da indiferença.