Canada, Edmonton, nasce em 1911, Herbert
Marshall McLuhan, criador da teoria “o meio é a mensagem”, expressão
controversa, polemica, instigadora e questionável, assim como o modelo
piramidal onde o chefe detém a informação. Ambos, com suas particularidades, funções,
conotações, retratam o relacionamento entre os meios de comunicação materiais,
humanos e as diversas partes interessadas, sociedade, acionistas, trabalhadores,
entidades, instituições.
Nesta teoria a mensagem perde
importância na medida em que o veiculo no qual se propaga, adquire papel
fundamental, pois cada meio possui características próprias de transmissão. O
autor entende que a despeito do conteúdo, a preocupação deve ser com a somatória
de seus efeitos no comportamento. Analogamente, as chefias, obcecadas pelo
poder, passaram a se considerar mais importantes que os conceitos repassados a
massa de trabalhadores, estas enxergadas como farinha do mesmo saco.
Neste contexto, a comunicação era usada para
dominar, impor, constranger e subordinar, amparada pelo fato das informações terem
alcance local sem conexões móveis, poucas reais e nenhuma virtual. A formação
da opinião era buscada nas ondas do rádio, linhas, entrelinhas dos jornais e
tela da televisão, cada meio difusor com formas distintas de propagar a noticia,
baseada nos jeitos e trejeitos dos interlocutores, às vezes com monotonia e sem
sintonia fina com a boa governança.
McLuhan, o pai da comunicação,
destacou-se por enxergar que os meios eletrônicos encurtariam distâncias, em uma
época onde a internet estava desconectada, assim como a liderança que não
conseguia conectar-se com as necessidades e expectativas dos trabalhadores. Surgia
na década de 60, o termo “aldeia global”, baseado no retorno a comunicação
interligada, próxima e direta, bem diferente da estabelecida pelas chefias, que
viviam como verdadeiros caciques isolados em ocas e malocas.
Quando este conceito se propagou nas
empresas, os subordinados passaram a ser reconhecidos como cidadãos, pois nesta
nova era o computador tornou-se móvel e conectado, o rádio perdeu seu caráter
de subordinação e adquiriu a prerrogativa cidadã, ao oferecer vez e voz aos
programas comunitários, oferecendo serviços de utilidade publica. Por meio dos avanços
tecnológicos da comunicação com destaque para a internet, qualquer um pode
emitir sua opinião em tempo real.
Na passagem da subordinação para a
cidadania, a liderança perdeu a prerrogativa de ser dona da verdade, obrigando
a ser mediadora e conciliadora em um ambiente conectado por fatos, fotos,
vídeos, visões, versões, suposições, tensões e contradições, cujo desejo dos
trabalhadores é
ser parte integrante de todo processo comunicativo, ou seja, uma cadeia de
ajuda capaz de oferecer liberdade de expressão, respeito e cuidado no trato com
as pessoas, agora não mais mão-de-obra.
Porém,
os lideres insistem em não compreender que a verdadeira comunicação deve saber
informar, ouvir, dialogar, esclarecer e responder, seja sim ou não. Esta falta
de entendimento gera falhas na interlocução, resultando em desvios de
comportamento, tais como falta de compreensão, baixa produtividade, alta
insatisfação e diluição da autoridade, ruídos prejudiciais amparados na falta
de clareza, objetividade, transparência e simplicidade, o que abre um canal
para fofoca, chincalho e melindre.
Enquanto o autor das obras “A galáxia de Gutemberg”, “Os meios
de comunicação como extensão do homem”, “O meio é a massagem”, “Revolução na Comunicação”, “Guerra e paz na aldeia global”, descansa tranquilo
desde 1980, a liderança remexe desordenadamente e embaralha-se nos fios da má comunicação,
perdendo-se no ruído das falas gaguejadas, atitudes sem amplitudes e lentidão
das conexões, enrolando de vez uma fita isolante no bom relacionamento.
Assim, em um curto espaço de tempo o
desligamento da liderança circulará em tempo real nas páginas das redes sociais,
não será anunciado no autofalante corporativo, mas propagar-se-à em mega-hertz
nas ondas da rádio peão que ela mesma criou, oferecendo aos ouvintes a
oportunidade de comemorarem como se tivessem batido uma meta.
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