segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Cláudio Ptolomeu e o Geocentrismo

Cláudio Ptolomeu, Claudius Ptolemaeus ou Ptolomeu, foi um renomado estudioso das ciências matemática, astronômica e geográfica. Nascido em  Ptolemaida Hérmia, Egito, defendeu a teoria do geocentrismo, na qual a terra era o centro do universo e ao redor dela orbitavam os planetas Mercúrio, Lua, Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno. Este conceito descrito na obra o Almagesto, ou seja, a Grande Síntese, perdurou como verdade absoluta por cerca de 1.400 anos, apoiada por teólogos e cientistas, até ser derrubado pela teoria do heliocentrismo de Nicolau Copérnico.
 
Enquanto no País das pirâmides, a terra na teoria era o centro do universo, nas corporações piramidais a liderança na prática julga-se o centro dos negócios por ocupar posições estreladas, cujo limite é o céu. Neste posto, implanta o egocentrismo para que o poder de liderar, decidir, pressionar, admitir, demitir, promover e mudar, gire ao seu redor em movimentos friamente calculados. Neste caso seu trabalho não se manifesta nas linhas da equidade, diálogo e coerência, mas orbita nas entrelinhas da parcialidade, autossuficiência e competição, não pela sobrevivência, mas em prol da riqueza e sucesso à custa dos outros.
 
Ptolomeu cometeu erros, porém seus estudos, serviram de base para a astronomia moderna. Seus trabalhos científicos foram responsáveis por grandes descobertas, com destaque para as rotas marítimas do navegador Cristóvão Colombo, bem como o sistema de coordenadas, latitude e longitude. A aceitação do erro foi um processo natural, entendendo que o ser humano é falível, sujeito a falhas. Já o centro da opressão e prepotência é movido por uma liderança fora de órbita, onde errar é inadmissível, especialmente para as constelações menores, ditas chão de fábrica, as quais são as primeiras excluídas do universo corporativo.
 
 
A despeito de quem era o centro do universo, os planetas com suas luas e anéis, mesmo sendo astros errantes, movimentavam-se de forma sincronizada. Além de possuírem características corporais e celestes bem definidas, uns gasosos e outros rochosos, eram atraídos pela força centrípeta, mantendo uma interação perfeita. Isto dificilmente acontece onde a liderança centraliza e omite dados, informações, decisões, impedindo a participação dos empregados. Então, chegará o dia que a força centrífuga da desmotivação os impulsionará para outro mundo, que permita o compartilhamento e a participação nos rumos do negócio.
 
O avanço do conhecimento permitiu uma mudança de conceito, sem a preocupação de encontrar culpados pela falha cometida, ao estabelecer uma teoria que viria a ser derrubada. Isto ocorreu, porque mesmo equivocado o conjunto de ideias, permitiu grandes avanços na ciência. No entanto, isto nem sempre ocorre com a liderança apegada ao poder, que não tolera erros. Ela atua como o alto clero, que obrigou Nicolau Copérnico, a publicar sua teoria heliocêntrica após a morte, com receio de ser condenado pela igreja. Assim. o medo de punição, lança ideias, criatividade e motivação para o espaço.  
 
O heliocentrismo, ratificado por Galileu e complementado por Kepler, demonstrou que os planetas não giram em círculos, mas em elipses. Independente disto, a Terra, Mercúrio, Lua, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno, apesar de orbitarem ao redor do sol, sempre foram tratados com igualdade, respeitando suas posições, formas e diferenças. O homem, imbuído do papel de chefe, ao contrário, usa a força do eixo central para estabelecer seus movimentos traiçoeiros, 24 horas por dia e 365 dias por ano, perpetuando-se no microcosmo do poder, sentado na cadeira e sob o ar condicionado, longe dos raios de sol.
Assim, são as teorias, proposições sujeitas a contestações e mudanças, verdades eternas até fatos concretos derrubarem seus argumentos. Isto demonstra que nem sempre a teoria funciona na prática, porque parte de uma hipótese. Em tese, no universo dos negócios o líder, astro de primeira grandeza, deveria ser admirado pela constelação de empregados. No entanto, como não há espaço para o saber ouvir, entender e atender a maioria, observa-se a olho nu uma rejeição implícita, porque os interesses da chefia são ocidentais, enquanto os desejos da coletividade são orientais. Uma separação convencional como o meridiano de Greenwich.
 
Em meio a constelação de escorpião, ao ser duramente picado pela ganância, arrogância e prepotência, o núcleo duro do poder sentirá a letalidade do próprio veneno. Inebriado e atordoado, conduzirá o empreendimento à beira de um buraco negro. Neste momento a força do isolamento o sufocará nos gases de Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, enterrando-o de vez nas rochas de Vênus, Marte, Mercúrio e Terra. Adeus via láctea.