As
desilusões que marcaram sua vida, fez com que se tornasse amante de políticos,
empresários, oficiais alemães e franceses durante a primeira guerra mundial.
Neste cenário a França a acusou de ser uma espiã a serviço da Alemanha e por
isto exigiram que ela espionasse em seu favor. No entanto, o exército Francês
atordoado com o fracasso militar na guerra, buscou em Mata Hari, o álibi
perfeito acusando-a de ser uma agente dupla, minimizando a imagem de um País
derrotado.
Não houve prova concreta de que Mata Hari havia repassado aos inimigos informações relevantes que pudessem prejudicar ou comprometer a atuação do exército Francês. Interesses políticos e militares julgaram e condenaram Mata Hari, cuja narrativa de vida mostra que ele foi muito mais hábil como dançarina do que como espiã. Neste contexto, sua história foi marcada por fatos, lendas, intrigas e fantasias que povoaram o imaginário popular, publicitário e cinematográfico.
O
fio da meada desta história nos conduz a seguinte pergunta? Quem nunca traiu no
ambiente corporativo? Certamente, ninguém terá coragem de assumir qualquer
relacionamento fora do casamento. A verdade é que o apreço pelo poder exerce um
fascínio tão avassalador que conduz os executivos a ter uma amante em algum
momento da carreira, especialmente no auge da liderança quando o poder se torna
ainda mais sedutor, culminando em um amor obediente e cego.
O interessante é que no caso de Mata Hari, ela era coberta de paixão, prazer e bens de consumo, porém, nas corporações, acontece o contrário, a amante é quem arca com todos os custos em troca de fidelidade. Para garantir a atração fatal, além de se apresentar de forma impecável, perfeita, receptiva e muitas vezes maquiada, oferece um ambiente agradável com jantares marcantes, viagens nacionais e internacionais, acomodação em hotéis luxuosos e presentes em ocasiões especiais.
Mata
Hari existiu em uma época onde os meios de comunicação eram bem mais limitados,
o que dificultava a agenda de encontros e conversas. Hoje a amante possui uma
vida bem mais fácil, dispondo de carro, computador e telefone tudo de última
geração. A única exigência é dedicação fiel e apaixonada catorze horas por dia,
atrelada a um bom desempenho medido caprichosamente. Negar fogo nestas horas
pode romper abruptamente à relação.
Na
época, a segurança de Mata Hari estava em manter suas relações amorosas em
segredo. Porém, no mundo contemporâneo a família sabe da existência da amante. Algumas
esposas se desesperam com a relação extraconjugal, tornando-se amigas de noites
mal dormidas, refeições solitárias e educação unilateral dos filhos. Outras,
porém, seduzidas pelos benefícios de um alto padrão de vida, optam por se
conformar, esbaldando-se em joias, roupas, sapatos, bolsas, viagens.
Por
outro lado, a ausência do marido no corpo e na alma, gera um enorme espaço
vazio, que passa a ser ocupado pela futilidade, tornando os relacionamentos
frágeis e desgastados. Ambos perdem. As esposas tornam-se solitárias, depressivas,
dependentes de barbitúricos e anfetaminas. Os filhos sem um referencial paterno
gastam o dinheiro da mesada com carros, bebidas e drogas, já que o pai não contribui
para uma vivência e educação saudáveis.
Ao
se doar intensamente a vida dupla, amante e espiã, Mata Hari, acabou sendo
submetida a um pelotão de fuzilamento. O executivo, por sua vez ao se envolver
em uma relação passional, terá o seu tempo consumido pela amante. Quando
concluir que tudo é vaidade, já terá perdido a família, os amigos e a saúde.
Assim, como principal recompensa ganhará diabete, gastrite, artrose, hérnia de
disco e sobrepeso, doenças ocupacionais típicas do mundo moderno irracional.
Fuzilado
pelos caminhos que conduzem ao empobrecimento dos laços afetivos, avançado ou não
na idade, devido ao baixo desempenho, será finalmente abandonado pela amante
profissional, denominada trabalho.