A
luta pela sobrevivência e propagação da espécie conduz o homem a buscar no
mercado, às vezes paralelo, inúmeros Beija-flores, mais precisamente da espécie
Amazilia lactea, que poderão
indiretamente saciar a fome. Como nesta etapa da vida pessoal e profissional, não
há muita preocupação com bens materiais, ele contenta-se em amealhar esse
pequeno e delicado ser de coloração discreta, pois qualquer nota de um real faz
a diferença. Assim sem muita ambição ele busca fugir da gaiola do emprego informal.
Uma
vez atendida às necessidades básicas, o homem sem oferecer gorjeta inicia a
substituição dessa ave por um anfíbio de corpo robusto e longevo. Nesta incansável
batalha pela mudança de posição social, por meio de um bom cargo, o homem busca
a tartaruga-de-pente, para melhorar o padrão de vida. Nesta caça desenfreada, às
vezes ilegal, Eretmochelys imbricata,
torna-se criticamente ameaçada quando o homem oferece como troco a mesquinharia,
que racha o casco do proposito que o dinheiro possa gerar.
A
ânsia cada vez mais acentuada pelo consumo fútil induz o homem a dar passos
largos para alcançar um bando de garças, que se caracterizam por serem aves
pernaltas. Entre passos e descompassos, as gananciosas mãos humanas mancham a
brancura das penas destes ardeídeos, quando elas utilizam notas de cinco reais de
forma egoísta ou fraudulenta. Neste contexto, exemplares de Casmerodius albus, são guardados em
caixa dois, protegidos da mordida do leão e depois lavados para circularem
livremente.
Ao
pressentir que as suas vaidades não conseguem ser alimentadas por beija-flores, tartarugas
e garças, o homem parte em busca das araras vermelhas, aves típicas da fauna
brasileira e sul-americana. Assim, elas tornam-se um alvo perfeito para elevar
o homem a voos mais altos, rumo ao topo. Engasgado com as sementes e frutos
podres da ganancia pelo poder, o homem relega o ninho familiar, depreciando qualquer
nota de dez e depenando de vez Ara
chloreptera, impedindo-a de oferecer um valor real ao trabalho.
A
ambição desmedida pelo dinheiro em plena selva de pedra faz o homem encontrar jeitos rápidos e fáceis de substituir araras por micos-leões-dourados,
primatas de pelagem alaranjada e juba característica. Assim, Leonthopitecus rosalia, sofre grave
ameaça de extinção, porque o homem oferece uma banana para a honestidade, ética
e respeito, matando de inanição qualquer valor virtuoso. Preso na grade de
servidão materialista, ele é alimentado por uns poucos vinte reais de ilusão, concedidos
pela mais valia.
Após pagar
micos pela sua frieza, soberba e prepotência, o homem parte atrás de um felino
em extinção e amplamente conhecido daqueles ávidos por dinheiro, a onça
pintada. Mais difícil de ser perseguida e alcançada, a Panthera onca induz o homem a ficar preso na mandíbula do trabalho exaustivo
e estressante. Este desequilíbrio passa a ameaçar a estabilidade emocional do
bicho homem, afetando sua saúde física e mental. Pintas de arrependimento logo
são apagadas das lembranças pelas notas de cinquenta reais.
Finalmente
o homem chega ao topo do poder e torna-se um hábil pescador de garoupas, peixe
marinho que dificilmente anda em cardume. Enquanto esta espécie, Epinephelus marginatus, habita as costas
brasileiras, o homem vira as costas para os amigos e a família, fazendo com que
as notas de cem reais percam as escamas do bem estar. Nesta maré desequilibrada, a piracuca torna-se
apenas um peixe fora d’agua para o predador das relações humanas.
Assim,
a casa da moeda perde as telhas do equilíbrio, o banco central perde as tábuas
do bom senso e a efigie da república presente
em todo o reverso deste círculo
financeiro, perde os cabelos esvoaçantes, os ramos de louro e a serenidade da
face. É o divórcio da família real.
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