terça-feira, 20 de outubro de 2015

Pitágoras, o Pai da Matemática

Pitágoras, filósofo grego e matemático, destacou-se pelo teorema que leva seu nome e comprova que em todo triângulo retângulo a soma do quadrado dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa. Ele afirmava que os “números governam o mundo”, Numeri Regunt Mundum, Mundum Regunt Numeri. Além de lidar com o raciocínio lógico e abstrato, a matemática pitagórica sempre teve que conviver com a relação de amor e ódio envolvendo estudantes e profissionais.

Pitágoras entendia que os números eram a essência das coisas e acreditava mais na sabedoria do que na praticidade deles. Buscava entender o comportamento dos números, estabelecer um padrão e transformá-los em informação. Este conceito nem sempre é aplicado nas empresas, que desta maneira constituem-se em uma poderosa fábrica de números e uma massa falida de informações. Fórmulas, cálculos e equações, alimentam um impressionante banco de dados sem propósito.

Caso pudesse mergulhar no mundo corporativo, incialmente Pitágoras ficaria lisonjeado, porque tudo é regido pelos números. Não há recursos humanos, mas sim lotação. As pessoas são identificadas e conhecidas por um número de crachá. Não há máquinas, veículos, equipamentos, móveis e utensílios, mas sim ativo fixo, que remete a um número de patrimônio. O problema é que neste ambiente o número assume o protagonismo ao invés de ser o elo entre processos, pessoas e propósito.

Pitágoras encontrou a proporção exata em que uma corda precisa ser dividida e subdividida para gerar as notas musicais. Assim, entre as frações simples, complicadas e originais das notas, produzia-se sons agradáveis ou desagradáveis. Já as empresas preferem apertam a corda da gestão a fim de que o som da calculadora científica esteja em sintonia com o resultado do balanço. O sentimento e a inspiração perdem-se em meio a uma série de números que depreciam os valores humanos.

Ao desvirtuar a ciência do conhecimento e aprendizado, as companhias tomam a prova dos nove, noves fora nada, um método falível, porque mesmo com a engenharia contábil, administrativa e financeira, suportada por auditorias internas e externas, fralda-se o balanço e oficializa-se o caixa dois, transformando numericamente prejuízo em lucro, custo em investimento e vice-versa. São os números a serviço dos interesses escusos.

Privilegiados os números possuem até sobrenome, tais como absolutos ou relativos. Podem ter casas, mesmo que decimais. Endereço, quer seja uma pasta ou um arquivo. Crescem de forma aritmética ou exponencial. Podem reconhecer, desmotivar ou demitir. Apesar disto tudo, os números por si não têm vida. A ausência de informações, mostra um conjunto numérico muito rico em quantidade e extremamente pobre em qualidade.

O grande problema é que os administradores detestam atributos de caráter subjetivo ou intuitivo, preferindo trabalhar com a matemática pura e aplicada, acreditando que podem dominá-la ou subjuga-la. A possibilidade de perderem o controle da exatidão deixa-os incomodados, apreensivos e inseguros, por isto também são os maiores criadores e defensores dos procedimentos, por meio dos quais procuram estabelecer um padrão uniforme e previsível.

Ocorre que mesmo os números carecem de análises baseadas na experiência e vivência, pois nem mesmo eles possuem um comportamento exato ou linear, havendo necessidade do uso de outras ferramentas intuitivas. Fica claro que este tipo de empresa, não está preparada para o desvio padrão e margens de erro, mesmo porque a verdade dos números é muito mais dura do que eles demonstram. Aprofundar-se neles pode significar afundar-se mais rápido do que se pensa.

A liderança totalmente centrada em números e que relega a sabedoria em suas decisões, na escola pitagórica, não tem direito a prova de recuperação, porque sua forma de gerenciar está totalmente fora do tema proposto, pois não utiliza os números de forma sábia. Quando a matemática empresarial diminui a importância da inspiração humana, complemento natural do raciocínio lógico e abstrato, a liderança perde-se nas retas e pontas do pentagrama.

 

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Mata Hari, Amante Profissional

Margaretha Gertruida Zelle Macleod, filha de pai Holandês e mãe Indonesiana, nasceu em Leeuwarden em 1876. Após fracassos na vida profissional e pessoal, adotou o pseudônimo de Mata Hari, cuja tradução literal significa “Olho da Manhã”, tornando-se uma dançarina e cortesã nas noites parisienses e berlinenses. A mistura dos traços asiáticos lhe conferiu uma beleza exótica sedutora, tornando-a uma verdadeira amante profissional.

As desilusões que marcaram sua vida, fez com que se tornasse amante de políticos, empresários, oficiais alemães e franceses durante a primeira guerra mundial. Neste cenário a França a acusou de ser uma espiã a serviço da Alemanha e por isto exigiram que ela espionasse em seu favor. No entanto, o exército Francês atordoado com o fracasso militar na guerra, buscou em Mata Hari, o álibi perfeito acusando-a de ser uma agente dupla, minimizando a imagem de um País derrotado.
 
Não houve prova concreta de que Mata Hari havia repassado aos inimigos informações relevantes que pudessem prejudicar ou comprometer a atuação do exército Francês. Interesses políticos e militares julgaram e condenaram Mata Hari, cuja narrativa de vida mostra que ele foi muito mais hábil como dançarina do que como espiã. Neste contexto, sua história foi marcada por fatos, lendas, intrigas e fantasias que povoaram o imaginário popular, publicitário e cinematográfico.

O fio da meada desta história nos conduz a seguinte pergunta? Quem nunca traiu no ambiente corporativo? Certamente, ninguém terá coragem de assumir qualquer relacionamento fora do casamento. A verdade é que o apreço pelo poder exerce um fascínio tão avassalador que conduz os executivos a ter uma amante em algum momento da carreira, especialmente no auge da liderança quando o poder se torna ainda mais sedutor, culminando em um amor obediente e cego.
 
O interessante é que no caso de Mata Hari, ela era coberta de paixão, prazer e bens de consumo, porém, nas corporações, acontece o contrário, a amante é quem arca com todos os custos em troca de fidelidade. Para garantir a atração fatal, além de se apresentar de forma impecável, perfeita, receptiva e muitas vezes maquiada, oferece um ambiente agradável com jantares marcantes, viagens nacionais e internacionais, acomodação em hotéis luxuosos e presentes em ocasiões especiais.
 
Mata Hari existiu em uma época onde os meios de comunicação eram bem mais limitados, o que dificultava a agenda de encontros e conversas. Hoje a amante possui uma vida bem mais fácil, dispondo de carro, computador e telefone tudo de última geração. A única exigência é dedicação fiel e apaixonada catorze horas por dia, atrelada a um bom desempenho medido caprichosamente. Negar fogo nestas horas pode romper abruptamente à relação.

Na época, a segurança de Mata Hari estava em manter suas relações amorosas em segredo. Porém, no mundo contemporâneo a família sabe da existência da amante. Algumas esposas se desesperam com a relação extraconjugal, tornando-se amigas de noites mal dormidas, refeições solitárias e educação unilateral dos filhos. Outras, porém, seduzidas pelos benefícios de um alto padrão de vida, optam por se conformar, esbaldando-se em joias, roupas, sapatos, bolsas, viagens.

Por outro lado, a ausência do marido no corpo e na alma, gera um enorme espaço vazio, que passa a ser ocupado pela futilidade, tornando os relacionamentos frágeis e desgastados. Ambos perdem. As esposas tornam-se solitárias, depressivas, dependentes de barbitúricos e anfetaminas. Os filhos sem um referencial paterno gastam o dinheiro da mesada com carros, bebidas e drogas, já que o pai não contribui para uma vivência e educação saudáveis.

Ao se doar intensamente a vida dupla, amante e espiã, Mata Hari, acabou sendo submetida a um pelotão de fuzilamento. O executivo, por sua vez ao se envolver em uma relação passional, terá o seu tempo consumido pela amante. Quando concluir que tudo é vaidade, já terá perdido a família, os amigos e a saúde. Assim, como principal recompensa ganhará diabete, gastrite, artrose, hérnia de disco e sobrepeso, doenças ocupacionais típicas do mundo moderno irracional.

Fuzilado pelos caminhos que conduzem ao empobrecimento dos laços afetivos, avançado ou não na idade, devido ao baixo desempenho, será finalmente abandonado pela amante profissional, denominada trabalho.   

 

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Cláudio Ptolomeu e o Geocentrismo

Cláudio Ptolomeu, Claudius Ptolemaeus ou Ptolomeu, foi um renomado estudioso das ciências matemática, astronômica e geográfica. Nascido em  Ptolemaida Hérmia, Egito, defendeu a teoria do geocentrismo, na qual a terra era o centro do universo e ao redor dela orbitavam os planetas Mercúrio, Lua, Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno. Este conceito descrito na obra o Almagesto, ou seja, a Grande Síntese, perdurou como verdade absoluta por cerca de 1.400 anos, apoiada por teólogos e cientistas, até ser derrubado pela teoria do heliocentrismo de Nicolau Copérnico.
 
Enquanto no País das pirâmides, a terra na teoria era o centro do universo, nas corporações piramidais a liderança na prática julga-se o centro dos negócios por ocupar posições estreladas, cujo limite é o céu. Neste posto, implanta o egocentrismo para que o poder de liderar, decidir, pressionar, admitir, demitir, promover e mudar, gire ao seu redor em movimentos friamente calculados. Neste caso seu trabalho não se manifesta nas linhas da equidade, diálogo e coerência, mas orbita nas entrelinhas da parcialidade, autossuficiência e competição, não pela sobrevivência, mas em prol da riqueza e sucesso à custa dos outros.
 
Ptolomeu cometeu erros, porém seus estudos, serviram de base para a astronomia moderna. Seus trabalhos científicos foram responsáveis por grandes descobertas, com destaque para as rotas marítimas do navegador Cristóvão Colombo, bem como o sistema de coordenadas, latitude e longitude. A aceitação do erro foi um processo natural, entendendo que o ser humano é falível, sujeito a falhas. Já o centro da opressão e prepotência é movido por uma liderança fora de órbita, onde errar é inadmissível, especialmente para as constelações menores, ditas chão de fábrica, as quais são as primeiras excluídas do universo corporativo.
 
 
A despeito de quem era o centro do universo, os planetas com suas luas e anéis, mesmo sendo astros errantes, movimentavam-se de forma sincronizada. Além de possuírem características corporais e celestes bem definidas, uns gasosos e outros rochosos, eram atraídos pela força centrípeta, mantendo uma interação perfeita. Isto dificilmente acontece onde a liderança centraliza e omite dados, informações, decisões, impedindo a participação dos empregados. Então, chegará o dia que a força centrífuga da desmotivação os impulsionará para outro mundo, que permita o compartilhamento e a participação nos rumos do negócio.
 
O avanço do conhecimento permitiu uma mudança de conceito, sem a preocupação de encontrar culpados pela falha cometida, ao estabelecer uma teoria que viria a ser derrubada. Isto ocorreu, porque mesmo equivocado o conjunto de ideias, permitiu grandes avanços na ciência. No entanto, isto nem sempre ocorre com a liderança apegada ao poder, que não tolera erros. Ela atua como o alto clero, que obrigou Nicolau Copérnico, a publicar sua teoria heliocêntrica após a morte, com receio de ser condenado pela igreja. Assim. o medo de punição, lança ideias, criatividade e motivação para o espaço.  
 
O heliocentrismo, ratificado por Galileu e complementado por Kepler, demonstrou que os planetas não giram em círculos, mas em elipses. Independente disto, a Terra, Mercúrio, Lua, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno, apesar de orbitarem ao redor do sol, sempre foram tratados com igualdade, respeitando suas posições, formas e diferenças. O homem, imbuído do papel de chefe, ao contrário, usa a força do eixo central para estabelecer seus movimentos traiçoeiros, 24 horas por dia e 365 dias por ano, perpetuando-se no microcosmo do poder, sentado na cadeira e sob o ar condicionado, longe dos raios de sol.
Assim, são as teorias, proposições sujeitas a contestações e mudanças, verdades eternas até fatos concretos derrubarem seus argumentos. Isto demonstra que nem sempre a teoria funciona na prática, porque parte de uma hipótese. Em tese, no universo dos negócios o líder, astro de primeira grandeza, deveria ser admirado pela constelação de empregados. No entanto, como não há espaço para o saber ouvir, entender e atender a maioria, observa-se a olho nu uma rejeição implícita, porque os interesses da chefia são ocidentais, enquanto os desejos da coletividade são orientais. Uma separação convencional como o meridiano de Greenwich.
 
Em meio a constelação de escorpião, ao ser duramente picado pela ganância, arrogância e prepotência, o núcleo duro do poder sentirá a letalidade do próprio veneno. Inebriado e atordoado, conduzirá o empreendimento à beira de um buraco negro. Neste momento a força do isolamento o sufocará nos gases de Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, enterrando-o de vez nas rochas de Vênus, Marte, Mercúrio e Terra. Adeus via láctea.