terça-feira, 23 de abril de 2013

De Olho no Cuco

Quando você está alegre com a sexta-feira e depressivo com a segunda-feira, significa que algo não está caminhando bem, especialmente no trabalho. É um indicativo de que o prazer de contribuir, relacionar e conhecer está sendo substituído pela ansiedade, enfado e cansaço. Nesta situação você deseja uma passagem rápida do tempo, de preferência que ele não ande, mas simplesmente voe.

Olhar o relógio e contar as horas para o término da jornada de trabalho passa a ser sua principal ocupação e preocupação, esquecendo, porém, que junto à passagem do tempo vem o desgaste físico e mental. Os reflexos não são os mesmos, aproxima-se a lentidão, o cansaço e a acomodação. Gestos simples como subir uma escada ou uma ladeira, fica muito mais difícil.

Acompanhar a energia dos mais jovens é quase uma tarefa impossível. Todos ao seu redor andam sobrecarregados realizando múltiplas tarefas, assim, torna-se normal para você falar ao telefone, ler ou responder e-mail, assinar documentos e despachar com as pessoas de forma simultânea, afinal no seu pensamento o tempo é curto e custa dinheiro.

Não adianta, mesmo agindo desta maneira, você fica com a sensação de que gasta muito tempo, fazendo muito pouco, indicando que não consegue separar o que é realmente importante, urgente e trivial. No meio desta fogueira você atua apagando incêndio e como é um falso bombeiro acaba por utilizar o extintor errado, sendo consumido lentamente nas chamas da mera execução. 

Este peso na consciência de que ainda há muita coisa importante pendente, apesar de todos os esforços, “obriga-lhe” a trabalhar até mais tarde. Quando em gozo de férias não vê hora de voltar para a empresa, pois não consegue se desconectar dos afazeres, afinal precisa sobreviver. Sobreviver eis uma palavra que limita a busca pela verdadeira riqueza.

Enquanto sobrevive no trabalho, vai morrendo em suas relações. Sabe por quê? Vaidade de vaidade, tudo é vaidade. No fundo você sabe que homem não obtém o verdadeiro proveito de todo o seu trabalho com que se fadiga debaixo do sol.  Muitas vezes ele perde a saúde, a família, os amigos e o prazer pelas coisas simples em prol da mal fadada estabilidade financeira.

O tempo passa, o vento vai para o sul e faz seu giro e retorna aos seus circuitos. Levanta-se o sol, põe-se o sol e volta ao seu lugar, onde nasce de novo. Os olhos não se fartam de ver, nem de encher e os ouvidos de ouvir. Assim também é o homem, na sua mesmice a procura de emprego, salário, poder, estabilidade, prazer.

Edificar casas, acumular bens materiais e conseguir tudo que os olhos desejarem também isto é vaidade. Como envelhece com pouca sabedoria, pequenos gestos diários, como exercitar a paciência, perseverança, tolerância, compreensão, são deixados de lado. O mesmo ocorre com a saúde, já que nunca tem tempo para a prática regular de exercícios físicos.

Assim, quando estiver bem mais velho, não será capaz de administrar os conflitos, as incertezas, as tragédias, as decepções e como o corpo estará muito debilitado, a idade cronológica terá vencido a idade biológica. Este mau uso do tempo será mostrado publicamente por meio de rugas, cicatrizes, pintas, manchas, flacidez e dores.

Lembre-se que virão os dias em que tu dirás não tive neles prazer algum. Um dia você poderá se arrepender e concluir que o resultado material do teu trabalho realmente foi vaidade, pois tudo que acumulou será deixado ao homem que vier depois de você. Como sabe se ele será sábio ou tolo? Quando você não trabalha com sabedoria, conhecimento e habilidade, não consegue adicionar emoção, inspiração e paixão em tudo àquilo que faz.

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