Pitágoras entendia que os números eram a essência
das coisas e acreditava mais na sabedoria do que na praticidade deles. Buscava
entender o comportamento dos números, estabelecer um padrão e transformá-los em
informação. Este conceito nem sempre é aplicado nas empresas, que desta maneira
constituem-se em uma poderosa fábrica de números e uma massa
falida de informações. Fórmulas, cálculos e equações, alimentam um impressionante
banco de dados sem propósito.
Caso
pudesse mergulhar no mundo corporativo, incialmente Pitágoras ficaria
lisonjeado, porque tudo é regido pelos números. Não há recursos humanos, mas
sim lotação. As pessoas são identificadas e conhecidas por um número de crachá.
Não há máquinas, veículos, equipamentos, móveis e utensílios, mas sim ativo
fixo, que remete a um número de patrimônio. O problema é que neste ambiente o
número assume o protagonismo ao invés de ser o elo entre processos, pessoas e
propósito.
Pitágoras encontrou a proporção exata em que uma corda
precisa ser dividida e subdividida para gerar as notas musicais. Assim, entre
as frações simples, complicadas e originais das notas, produzia-se sons
agradáveis ou desagradáveis. Já as empresas preferem apertam a corda da gestão a
fim de que o som da calculadora científica esteja em sintonia
com o resultado do balanço. O sentimento e a inspiração perdem-se em meio a uma
série de números que depreciam os valores humanos.
Ao
desvirtuar a ciência do conhecimento e aprendizado, as companhias tomam a prova
dos nove, noves fora nada, um método falível, porque mesmo com a engenharia
contábil, administrativa e financeira, suportada por auditorias internas e externas,
fralda-se o balanço e oficializa-se o caixa dois, transformando numericamente
prejuízo em lucro, custo em investimento e vice-versa. São os números a serviço
dos interesses escusos.
Privilegiados
os números possuem até sobrenome, tais como absolutos ou relativos. Podem ter casas,
mesmo que decimais. Endereço, quer seja uma pasta ou um arquivo. Crescem de
forma aritmética ou exponencial. Podem reconhecer, desmotivar ou demitir.
Apesar disto tudo, os números por si não têm vida. A ausência de informações,
mostra um conjunto numérico muito rico em quantidade e extremamente pobre em
qualidade.
O
grande problema é que os administradores detestam atributos de caráter
subjetivo ou intuitivo, preferindo trabalhar com a matemática pura e aplicada, acreditando
que podem dominá-la ou subjuga-la. A possibilidade de perderem o controle da
exatidão deixa-os incomodados, apreensivos e inseguros, por isto também são os
maiores criadores e defensores dos procedimentos, por meio dos quais procuram
estabelecer um padrão uniforme e previsível.
Ocorre
que mesmo os números carecem de análises baseadas na experiência e vivência,
pois nem mesmo eles possuem um comportamento exato ou linear, havendo
necessidade do uso de outras ferramentas intuitivas. Fica claro que este tipo
de empresa, não está preparada para o desvio padrão e margens de erro, mesmo
porque a verdade dos números é muito mais dura do que eles demonstram.
Aprofundar-se neles pode significar afundar-se mais rápido do que se pensa.
A
liderança totalmente centrada em números e que relega a sabedoria em suas
decisões, na escola pitagórica, não tem direito a prova de recuperação, porque
sua forma de gerenciar está totalmente fora do tema proposto, pois não utiliza
os números de forma sábia. Quando a matemática empresarial diminui a
importância da inspiração humana, complemento natural do raciocínio lógico e
abstrato, a liderança perde-se nas retas e pontas do pentagrama.