quinta-feira, 2 de maio de 2013

O Aviso Prévio da Meritocracia

Você e sua empresa sabem qual é o valor do trabalho? Você e sua empresa sabem qual a habilidade, o conhecimento e a atitude necessária para gerar competência e alcançar os resultados esperados?

Se a resposta for não, provavelmente você acha que trabalha muito, ganha pouco e merece uma promoção. Nunca está satisfeito com o seu salário e por mais que receba aumento, ele nunca será suficiente para cobrir suas despesas já que concomitantemente aparece a insaciável sede de elevar o padrão de vida.

Gastar, reclamar, lamuriar, choramingar e lamentar, verbos conjugados em uníssono, que remetem a uma visão distorcida, onde você só enxerga direitos, ignora obrigações e vive comparando de forma simplista o seu salário com os demais, ignorando fatores importantes, como ambiente, cultura, valores, práticas, conduta, solidez, reputação, benefícios, desafios, educação, oportunidades, credibilidade, políticas, responsabilidade e perfil.

Não entende que há pessoas diferentes fazendo coisas iguais e pessoas iguais fazendo coisas diferentes, ora recebendo salários iguais, ora recebendo salários diferentes e ao abrir o contra cheque, essas situações induzem você a sentir-se um pobre coitado explorado pela mais valia da força de trabalho capitalista.

Se existirem na mesma empresa muitas pessoas como você, teremos gente demais, trabalho de menos, poucos comprometidos, muitos envolvidos, muitos ocupados, poucos produtivos, demonstrando que para cada folgado, haverá um sobrecarregado. Neste contexto, a empresa por sua vez mostra que não possui um plano de cargos, salários e carreira.

Por não conhecer o equilíbrio interno e externo, ela avalia as pessoas tendo como base a subjetividade ou a boa vontade de cada gestor. Devido à falta de regras claras, esforço, pontualidade, assiduidade, responsabilidade, são adjetivos usados para as promoções anuais.

Quem põe a mão na massa, veste a camisa, suja a mão de graxa, pega pesado no batente, bem como é pau para toda a obra, torna-se um forte candidato a receber um aumento salarial. Comentários do tipo “ele está há três anos sem promoção”, “ele merece”, “ele cuida bem de seus equipamentos”, reforçam o quanto a falta de critérios torna o ambiente de trabalho cada vez mais desigual e menos transparente.

Como a empresa está abarrotada de pessoas com este perfil, as promoções são concedidas em cascata e para atender esta demanda, ela se vê obrigada a criar ou adaptar cargos, transformando sua lista de funções em um longo e inglório alfabeto: supervisor “A”, supervisor “B”, supervisor “C”, assistente “A”, assistente “B”, assistente “C” e assistente “D”.

Estes exemplos já são suficientes para mostrar que há uma inversão de valores, onde obrigações funcionais são convertidas em crescimento horizontal ou vertical, ocupando postos cada vez mais altos e caros. Enquanto isto, a meritocracia permanece estagnada em um cargo sem qualquer prestígio, onde vez por outra, alguém ou ninguém, balbucia seu nome, mas rapidamente a ignoram.

Como ela perde o significado no meio desta cadeia e teia, fios e pavios de interesses individuais, ela é colocada em aviso prévio, acendendo o estopim que detonará qualquer possibilidade de estabelecer objetivos, metas e indicadores de desempenho. Pouco tempo depois a meritocracia será demitida e sem carta de referência baterá de porta em porta a procura de recolocação.

Não perderá tempo, afinal detesta seguro desemprego e adora ser útil, oferecendo propósito ao trabalho. Mesmo existindo no mercado, mais vagas, que candidatos, ela não será recrutada, visto que as empresas não estão preparadas para selecioná-la, recrutá-la, treina-la e retê-la.

Ao optar pelo nivelamento por baixo, haverá prejuízo na busca pela eficiência, redução de desperdícios, resolução de problemas de qualidade, diminuição de custos e geração de lucros, prejudicando a competitividade. O processo de recrutamento tornar-se-á longo e demandará um maior nível de exigência e conhecimento dos recrutadores, aumentando os custos de captação.

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