segunda-feira, 22 de abril de 2013

Corda no Pescoço

A não satisfação é um dos maiores males que aflige lenta e sorrateiramente o ambiente corporativo, devido à falta de entendimento e atendimento das necessidades e expectativas das pessoas, que se dirigem às empresas em busca de um propósito, a grande razão do trabalho. Parte deste problema se deve a falta de perfil adequado, experiência e interação dos líderes com suas equipes.

Esta composição negativa contribui para que eles fiquem isolados em suas estações de trabalho, cercados por mesa, computador, impressora, clips, grampeador, pincéis, marcadores de texto, carimbos e post it, totalmente escondidos atrás de uma pilha de documentos, perdendo por completo a noção do grau de satisfação de seus liderados.

Sua secretária possui um papel fundamental nesta tarefa. Ao invés de se preocupar em organizar a agenda de compromissos com as pessoas, ela se vê obrigada a garantir a individualidade do gestor, transformando-se meramente em uma leva e traz de papéis. 

Esta falta de relacionamento diário, contínuo e presencial, abre uma janela de oportunidades para greves, pedidos de demissões, demissões e o que é mais danoso, o assédio dos concorrentes, ávidos por pessoas capacitadas e treinadas, já que o mercado é carente de profissionais qualificados. Isto demonstra claramente que os gestores focam toda sua energia nos procedimentos, processos e atividades, sendo as pessoas tratadas apenas como acessórios ou periféricos.

Assim, o executivo, mão-de-obra altamente qualificada e remunerada, passa a ser um mero executor, realizando tarefas repetitivas, tais como ticar, carimbar, assinar, grampear, despachar e imprimir, ações meramente burocráticas e dispendiosas, esquecendo-se de atuar lado a lado das pessoas, as quais são os verdadeiros fatores de produtividade e resultado.

Neste sistema de gestão, lucro, receita, despesa, custo, investimento, são palavras conjugadas em primeiro grau, ao passo que capacitação, motivação, satisfação, reconhecimento, são relegadas ao segundo plano. Assim, nota-se que não ocorre nem uma coisa e nem outra, pois não é possível gerar resultados concretos sem que haja a participação e o comprometimento das pessoas.

Gerenciar máquinas e equipamentos é muito mais fácil, pois há fatores concretos envolvidos, tais como valor de aquisição, valor residual, depreciação, vida útil, manutenção corretiva, preventiva e preditiva, ao passo que liderar pessoas implica em entender e atender carências, necessidades, expectativas e valores, atributos estes pautados pelo caráter emotivo e pessoal, onde em cada mente há uma maneira distinta de raciocinar e reagir perante as diferentes situações.

Por mais que se tenha isto de forma clara e precisa, os gestores com estas características não possuem aprendizado suficiente para aceitar as pessoas como centro dos negócios, mesmo porque o ser humano é individualista por natureza, não enxergando nada além do que lhe convém, tornando-se vulnerável perante os seus pares e a si mesmo.

A grande verdade é que certos detentores do poder não são capazes e suficientemente preparados para gerenciar seus próprios conhecimentos, pensamentos, interesses e emoções, sendo difícil para eles liderarem pessoas, as quais carecem justamente do entendimento de seus fatores comportamentais.

Portanto, se o chefe não possui uma boa experiência, um bom equilíbrio emocional, um bom discernimento e uma boa interação com sua equipe é fácil entender porque à medida que o tempo passa a não satisfação atinge um nível tão alto, onde a demissão ou pedido de demissão torna-se uma decisão inevitável, deixando o gestor literalmente com a corda no pescoço a espera da abertura do cadafalso da incompetência.

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