segunda-feira, 22 de abril de 2013

Prova dos Nove

Uma poderosa fábrica de números e uma massa falida de informações, é assim que podem ser enxergadas determinadas empresas. Fórmulas, cálculos e equações matemáticas alimentam um impressionante banco de dados. Tudo é conhecido pelos números. Não há mais recursos humanos, mas sim lotação, onde as pessoas se convertem em mais um dado na estatística organizacional.

Não há máquinas, veículos, equipamentos, móveis e utensílios, mas sim ativo fixo, que remete a um número de patrimônio. Valor torna-se preço. A tentativa de conduzir todos os processos baseado em uma lógica matemática, via ciências exatas, faz com que a principal ferramenta seja a calculadora científica, que se torna item de desejo único e obrigatório, especialmente nas análises de resultado do balanço.

O feeling e a inspiração perdem-se em meio a uma sopa fria e indigesta de números absolutos. Nesta matemática nem sempre “noves fora, nada”, pois até a prova dos nove mostrou-se um método falível no campo do aprendizado. Mesmo com toda a engenharia contábil, financeira e administrativa, suportada por auditorias internas e externas, fralda-se o balanço e oficializa-se o caixa dois, transformando numericamente prejuízo em lucro, custo em investimento e vice versa.

São os números a serviço dos interesses escusos. Privilegiados, eles possuem até sobrenome, tais como absolutos ou relativos. Podem ter casas, mesmo que decimais. Endereço, mesmo que seja uma pasta ou um arquivo. Crescem de forma aritmética ou exponencial. Podem ocupar uma célula, reconhecer, desmotivar ou demitir.

Apesar disto tudo, os números por si não tem vida e não conduzem a um propósito. Quando há muitos dados, pouca ou nenhuma informação, um conjunto de números muito rico em quantidade, mas extremamente pobre em qualidade, leva a tomada de decisões pouco assertivas.

O grande problema é que os administradores detestam atributos de caráter subjetivo, preferindo trabalhar somente com ciências exatas, pois sobre elas possuem domínio ou pelo menos acreditam que podem subjuga-las. A possibilidade de perderem o controle da exatidão deixa-os incomodados, apreensivos e inseguros, por isto também são os maiores criadores e defensores dos procedimentos escritos, por meio dos quais procuram estabelecer um padrão uniforme e previsível.

Ocorre que mesmo os números carecem de análises baseadas na experiência e vivência das pessoas, pois nem mesmo eles possuem um comportamento exato ou linear, havendo necessidade do uso de outras ferramentas intuitivas. Fica claro que as empresas não estão preparadas para conhecer a si mesmo, pois a verdade dos números é muito mais dura do que eles demonstram.

Aprofundar-se neles pode significar afundar-se mais rápido do que se pensa, pois quando vêm à tona os resultados ocultos, normalmente negativos, é preciso tomar uma decisão rápida, a qual sobre pressão pode não se refletir em melhoria contínua e duradoura, pois se vislumbrará a busca por resultados imediatos.

Neste contexto observa-se que a falta de reconhecimento ou carência de pessoas experientes, hábeis, capacitadas, criativas, flexíveis, comprometidas e inspiradas, impede que dados transformem-se em informações e estas por sua vez em conhecimento. Neste sentido elas seriam o contraponto da administração centrada em números.

Assim, é impossível gerenciar adequadamente os recursos humanos, quando a matemática empresarial relega ou diminui a importância da inspiração humana, complemento natural do raciocínio lógico na obtenção da informação geradora de riqueza.

Um comentário:

  1. Buecke, ainda hoje penso que Lápis, papel, determinação, calculadora e boa vontade ainda não saíram de moda!! obsoletismo, ultrapassado pra mim rima com metódico e produtivo e próximo do que se propõe a ser feito!!! Infelizmente confiar demais dá uma baita indigestão!!! Prefiro ser a metamorfose ambulante do que arriscar demais na frieza do silício kk!!

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