segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Mata Hari, Amante Profissional

Margaretha Gertruida Zelle Macleod, filha de pai Holandês e mãe Indonesiana, nasceu em Leeuwarden em 1876. Após fracassos na vida profissional e pessoal, adotou o pseudônimo de Mata Hari, cuja tradução literal significa “Olho da Manhã”, tornando-se uma dançarina e cortesã nas noites parisienses e berlinenses. A mistura dos traços asiáticos lhe conferiu uma beleza exótica sedutora, tornando-a uma verdadeira amante profissional.

As desilusões que marcaram sua vida, fez com que se tornasse amante de políticos, empresários, oficiais alemães e franceses durante a primeira guerra mundial. Neste cenário a França a acusou de ser uma espiã a serviço da Alemanha e por isto exigiram que ela espionasse em seu favor. No entanto, o exército Francês atordoado com o fracasso militar na guerra, buscou em Mata Hari, o álibi perfeito acusando-a de ser uma agente dupla, minimizando a imagem de um País derrotado.
 
Não houve prova concreta de que Mata Hari havia repassado aos inimigos informações relevantes que pudessem prejudicar ou comprometer a atuação do exército Francês. Interesses políticos e militares julgaram e condenaram Mata Hari, cuja narrativa de vida mostra que ele foi muito mais hábil como dançarina do que como espiã. Neste contexto, sua história foi marcada por fatos, lendas, intrigas e fantasias que povoaram o imaginário popular, publicitário e cinematográfico.

O fio da meada desta história nos conduz a seguinte pergunta? Quem nunca traiu no ambiente corporativo? Certamente, ninguém terá coragem de assumir qualquer relacionamento fora do casamento. A verdade é que o apreço pelo poder exerce um fascínio tão avassalador que conduz os executivos a ter uma amante em algum momento da carreira, especialmente no auge da liderança quando o poder se torna ainda mais sedutor, culminando em um amor obediente e cego.
 
O interessante é que no caso de Mata Hari, ela era coberta de paixão, prazer e bens de consumo, porém, nas corporações, acontece o contrário, a amante é quem arca com todos os custos em troca de fidelidade. Para garantir a atração fatal, além de se apresentar de forma impecável, perfeita, receptiva e muitas vezes maquiada, oferece um ambiente agradável com jantares marcantes, viagens nacionais e internacionais, acomodação em hotéis luxuosos e presentes em ocasiões especiais.
 
Mata Hari existiu em uma época onde os meios de comunicação eram bem mais limitados, o que dificultava a agenda de encontros e conversas. Hoje a amante possui uma vida bem mais fácil, dispondo de carro, computador e telefone tudo de última geração. A única exigência é dedicação fiel e apaixonada catorze horas por dia, atrelada a um bom desempenho medido caprichosamente. Negar fogo nestas horas pode romper abruptamente à relação.

Na época, a segurança de Mata Hari estava em manter suas relações amorosas em segredo. Porém, no mundo contemporâneo a família sabe da existência da amante. Algumas esposas se desesperam com a relação extraconjugal, tornando-se amigas de noites mal dormidas, refeições solitárias e educação unilateral dos filhos. Outras, porém, seduzidas pelos benefícios de um alto padrão de vida, optam por se conformar, esbaldando-se em joias, roupas, sapatos, bolsas, viagens.

Por outro lado, a ausência do marido no corpo e na alma, gera um enorme espaço vazio, que passa a ser ocupado pela futilidade, tornando os relacionamentos frágeis e desgastados. Ambos perdem. As esposas tornam-se solitárias, depressivas, dependentes de barbitúricos e anfetaminas. Os filhos sem um referencial paterno gastam o dinheiro da mesada com carros, bebidas e drogas, já que o pai não contribui para uma vivência e educação saudáveis.

Ao se doar intensamente a vida dupla, amante e espiã, Mata Hari, acabou sendo submetida a um pelotão de fuzilamento. O executivo, por sua vez ao se envolver em uma relação passional, terá o seu tempo consumido pela amante. Quando concluir que tudo é vaidade, já terá perdido a família, os amigos e a saúde. Assim, como principal recompensa ganhará diabete, gastrite, artrose, hérnia de disco e sobrepeso, doenças ocupacionais típicas do mundo moderno irracional.

Fuzilado pelos caminhos que conduzem ao empobrecimento dos laços afetivos, avançado ou não na idade, devido ao baixo desempenho, será finalmente abandonado pela amante profissional, denominada trabalho.   

 

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