terça-feira, 20 de outubro de 2015

Pitágoras, o Pai da Matemática

Pitágoras, filósofo grego e matemático, destacou-se pelo teorema que leva seu nome e comprova que em todo triângulo retângulo a soma do quadrado dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa. Ele afirmava que os “números governam o mundo”, Numeri Regunt Mundum, Mundum Regunt Numeri. Além de lidar com o raciocínio lógico e abstrato, a matemática pitagórica sempre teve que conviver com a relação de amor e ódio envolvendo estudantes e profissionais.

Pitágoras entendia que os números eram a essência das coisas e acreditava mais na sabedoria do que na praticidade deles. Buscava entender o comportamento dos números, estabelecer um padrão e transformá-los em informação. Este conceito nem sempre é aplicado nas empresas, que desta maneira constituem-se em uma poderosa fábrica de números e uma massa falida de informações. Fórmulas, cálculos e equações, alimentam um impressionante banco de dados sem propósito.

Caso pudesse mergulhar no mundo corporativo, incialmente Pitágoras ficaria lisonjeado, porque tudo é regido pelos números. Não há recursos humanos, mas sim lotação. As pessoas são identificadas e conhecidas por um número de crachá. Não há máquinas, veículos, equipamentos, móveis e utensílios, mas sim ativo fixo, que remete a um número de patrimônio. O problema é que neste ambiente o número assume o protagonismo ao invés de ser o elo entre processos, pessoas e propósito.

Pitágoras encontrou a proporção exata em que uma corda precisa ser dividida e subdividida para gerar as notas musicais. Assim, entre as frações simples, complicadas e originais das notas, produzia-se sons agradáveis ou desagradáveis. Já as empresas preferem apertam a corda da gestão a fim de que o som da calculadora científica esteja em sintonia com o resultado do balanço. O sentimento e a inspiração perdem-se em meio a uma série de números que depreciam os valores humanos.

Ao desvirtuar a ciência do conhecimento e aprendizado, as companhias tomam a prova dos nove, noves fora nada, um método falível, porque mesmo com a engenharia contábil, administrativa e financeira, suportada por auditorias internas e externas, fralda-se o balanço e oficializa-se o caixa dois, transformando numericamente prejuízo em lucro, custo em investimento e vice-versa. São os números a serviço dos interesses escusos.

Privilegiados os números possuem até sobrenome, tais como absolutos ou relativos. Podem ter casas, mesmo que decimais. Endereço, quer seja uma pasta ou um arquivo. Crescem de forma aritmética ou exponencial. Podem reconhecer, desmotivar ou demitir. Apesar disto tudo, os números por si não têm vida. A ausência de informações, mostra um conjunto numérico muito rico em quantidade e extremamente pobre em qualidade.

O grande problema é que os administradores detestam atributos de caráter subjetivo ou intuitivo, preferindo trabalhar com a matemática pura e aplicada, acreditando que podem dominá-la ou subjuga-la. A possibilidade de perderem o controle da exatidão deixa-os incomodados, apreensivos e inseguros, por isto também são os maiores criadores e defensores dos procedimentos, por meio dos quais procuram estabelecer um padrão uniforme e previsível.

Ocorre que mesmo os números carecem de análises baseadas na experiência e vivência, pois nem mesmo eles possuem um comportamento exato ou linear, havendo necessidade do uso de outras ferramentas intuitivas. Fica claro que este tipo de empresa, não está preparada para o desvio padrão e margens de erro, mesmo porque a verdade dos números é muito mais dura do que eles demonstram. Aprofundar-se neles pode significar afundar-se mais rápido do que se pensa.

A liderança totalmente centrada em números e que relega a sabedoria em suas decisões, na escola pitagórica, não tem direito a prova de recuperação, porque sua forma de gerenciar está totalmente fora do tema proposto, pois não utiliza os números de forma sábia. Quando a matemática empresarial diminui a importância da inspiração humana, complemento natural do raciocínio lógico e abstrato, a liderança perde-se nas retas e pontas do pentagrama.

 

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Mata Hari, Amante Profissional

Margaretha Gertruida Zelle Macleod, filha de pai Holandês e mãe Indonesiana, nasceu em Leeuwarden em 1876. Após fracassos na vida profissional e pessoal, adotou o pseudônimo de Mata Hari, cuja tradução literal significa “Olho da Manhã”, tornando-se uma dançarina e cortesã nas noites parisienses e berlinenses. A mistura dos traços asiáticos lhe conferiu uma beleza exótica sedutora, tornando-a uma verdadeira amante profissional.

As desilusões que marcaram sua vida, fez com que se tornasse amante de políticos, empresários, oficiais alemães e franceses durante a primeira guerra mundial. Neste cenário a França a acusou de ser uma espiã a serviço da Alemanha e por isto exigiram que ela espionasse em seu favor. No entanto, o exército Francês atordoado com o fracasso militar na guerra, buscou em Mata Hari, o álibi perfeito acusando-a de ser uma agente dupla, minimizando a imagem de um País derrotado.
 
Não houve prova concreta de que Mata Hari havia repassado aos inimigos informações relevantes que pudessem prejudicar ou comprometer a atuação do exército Francês. Interesses políticos e militares julgaram e condenaram Mata Hari, cuja narrativa de vida mostra que ele foi muito mais hábil como dançarina do que como espiã. Neste contexto, sua história foi marcada por fatos, lendas, intrigas e fantasias que povoaram o imaginário popular, publicitário e cinematográfico.

O fio da meada desta história nos conduz a seguinte pergunta? Quem nunca traiu no ambiente corporativo? Certamente, ninguém terá coragem de assumir qualquer relacionamento fora do casamento. A verdade é que o apreço pelo poder exerce um fascínio tão avassalador que conduz os executivos a ter uma amante em algum momento da carreira, especialmente no auge da liderança quando o poder se torna ainda mais sedutor, culminando em um amor obediente e cego.
 
O interessante é que no caso de Mata Hari, ela era coberta de paixão, prazer e bens de consumo, porém, nas corporações, acontece o contrário, a amante é quem arca com todos os custos em troca de fidelidade. Para garantir a atração fatal, além de se apresentar de forma impecável, perfeita, receptiva e muitas vezes maquiada, oferece um ambiente agradável com jantares marcantes, viagens nacionais e internacionais, acomodação em hotéis luxuosos e presentes em ocasiões especiais.
 
Mata Hari existiu em uma época onde os meios de comunicação eram bem mais limitados, o que dificultava a agenda de encontros e conversas. Hoje a amante possui uma vida bem mais fácil, dispondo de carro, computador e telefone tudo de última geração. A única exigência é dedicação fiel e apaixonada catorze horas por dia, atrelada a um bom desempenho medido caprichosamente. Negar fogo nestas horas pode romper abruptamente à relação.

Na época, a segurança de Mata Hari estava em manter suas relações amorosas em segredo. Porém, no mundo contemporâneo a família sabe da existência da amante. Algumas esposas se desesperam com a relação extraconjugal, tornando-se amigas de noites mal dormidas, refeições solitárias e educação unilateral dos filhos. Outras, porém, seduzidas pelos benefícios de um alto padrão de vida, optam por se conformar, esbaldando-se em joias, roupas, sapatos, bolsas, viagens.

Por outro lado, a ausência do marido no corpo e na alma, gera um enorme espaço vazio, que passa a ser ocupado pela futilidade, tornando os relacionamentos frágeis e desgastados. Ambos perdem. As esposas tornam-se solitárias, depressivas, dependentes de barbitúricos e anfetaminas. Os filhos sem um referencial paterno gastam o dinheiro da mesada com carros, bebidas e drogas, já que o pai não contribui para uma vivência e educação saudáveis.

Ao se doar intensamente a vida dupla, amante e espiã, Mata Hari, acabou sendo submetida a um pelotão de fuzilamento. O executivo, por sua vez ao se envolver em uma relação passional, terá o seu tempo consumido pela amante. Quando concluir que tudo é vaidade, já terá perdido a família, os amigos e a saúde. Assim, como principal recompensa ganhará diabete, gastrite, artrose, hérnia de disco e sobrepeso, doenças ocupacionais típicas do mundo moderno irracional.

Fuzilado pelos caminhos que conduzem ao empobrecimento dos laços afetivos, avançado ou não na idade, devido ao baixo desempenho, será finalmente abandonado pela amante profissional, denominada trabalho.   

 

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Cláudio Ptolomeu e o Geocentrismo

Cláudio Ptolomeu, Claudius Ptolemaeus ou Ptolomeu, foi um renomado estudioso das ciências matemática, astronômica e geográfica. Nascido em  Ptolemaida Hérmia, Egito, defendeu a teoria do geocentrismo, na qual a terra era o centro do universo e ao redor dela orbitavam os planetas Mercúrio, Lua, Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno. Este conceito descrito na obra o Almagesto, ou seja, a Grande Síntese, perdurou como verdade absoluta por cerca de 1.400 anos, apoiada por teólogos e cientistas, até ser derrubado pela teoria do heliocentrismo de Nicolau Copérnico.
 
Enquanto no País das pirâmides, a terra na teoria era o centro do universo, nas corporações piramidais a liderança na prática julga-se o centro dos negócios por ocupar posições estreladas, cujo limite é o céu. Neste posto, implanta o egocentrismo para que o poder de liderar, decidir, pressionar, admitir, demitir, promover e mudar, gire ao seu redor em movimentos friamente calculados. Neste caso seu trabalho não se manifesta nas linhas da equidade, diálogo e coerência, mas orbita nas entrelinhas da parcialidade, autossuficiência e competição, não pela sobrevivência, mas em prol da riqueza e sucesso à custa dos outros.
 
Ptolomeu cometeu erros, porém seus estudos, serviram de base para a astronomia moderna. Seus trabalhos científicos foram responsáveis por grandes descobertas, com destaque para as rotas marítimas do navegador Cristóvão Colombo, bem como o sistema de coordenadas, latitude e longitude. A aceitação do erro foi um processo natural, entendendo que o ser humano é falível, sujeito a falhas. Já o centro da opressão e prepotência é movido por uma liderança fora de órbita, onde errar é inadmissível, especialmente para as constelações menores, ditas chão de fábrica, as quais são as primeiras excluídas do universo corporativo.
 
 
A despeito de quem era o centro do universo, os planetas com suas luas e anéis, mesmo sendo astros errantes, movimentavam-se de forma sincronizada. Além de possuírem características corporais e celestes bem definidas, uns gasosos e outros rochosos, eram atraídos pela força centrípeta, mantendo uma interação perfeita. Isto dificilmente acontece onde a liderança centraliza e omite dados, informações, decisões, impedindo a participação dos empregados. Então, chegará o dia que a força centrífuga da desmotivação os impulsionará para outro mundo, que permita o compartilhamento e a participação nos rumos do negócio.
 
O avanço do conhecimento permitiu uma mudança de conceito, sem a preocupação de encontrar culpados pela falha cometida, ao estabelecer uma teoria que viria a ser derrubada. Isto ocorreu, porque mesmo equivocado o conjunto de ideias, permitiu grandes avanços na ciência. No entanto, isto nem sempre ocorre com a liderança apegada ao poder, que não tolera erros. Ela atua como o alto clero, que obrigou Nicolau Copérnico, a publicar sua teoria heliocêntrica após a morte, com receio de ser condenado pela igreja. Assim. o medo de punição, lança ideias, criatividade e motivação para o espaço.  
 
O heliocentrismo, ratificado por Galileu e complementado por Kepler, demonstrou que os planetas não giram em círculos, mas em elipses. Independente disto, a Terra, Mercúrio, Lua, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno, apesar de orbitarem ao redor do sol, sempre foram tratados com igualdade, respeitando suas posições, formas e diferenças. O homem, imbuído do papel de chefe, ao contrário, usa a força do eixo central para estabelecer seus movimentos traiçoeiros, 24 horas por dia e 365 dias por ano, perpetuando-se no microcosmo do poder, sentado na cadeira e sob o ar condicionado, longe dos raios de sol.
Assim, são as teorias, proposições sujeitas a contestações e mudanças, verdades eternas até fatos concretos derrubarem seus argumentos. Isto demonstra que nem sempre a teoria funciona na prática, porque parte de uma hipótese. Em tese, no universo dos negócios o líder, astro de primeira grandeza, deveria ser admirado pela constelação de empregados. No entanto, como não há espaço para o saber ouvir, entender e atender a maioria, observa-se a olho nu uma rejeição implícita, porque os interesses da chefia são ocidentais, enquanto os desejos da coletividade são orientais. Uma separação convencional como o meridiano de Greenwich.
 
Em meio a constelação de escorpião, ao ser duramente picado pela ganância, arrogância e prepotência, o núcleo duro do poder sentirá a letalidade do próprio veneno. Inebriado e atordoado, conduzirá o empreendimento à beira de um buraco negro. Neste momento a força do isolamento o sufocará nos gases de Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, enterrando-o de vez nas rochas de Vênus, Marte, Mercúrio e Terra. Adeus via láctea.
 

sábado, 2 de agosto de 2014

Copa do Mundo 2014, Brasil: Decime que se siente

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) é uma entidade que gerencia a seleção nacional em competições organizadas pela CONMEBOL e FIFA. Dentro deste principio, ela montou uma equipe com um técnico e vinte e três operários da bola, capital humano que a Pluri Consultoria estimou em R$1,42 bilhão. Para oferecer adequadas condições de trabalho ela reformulou o corpo técnico, centro de treinamento, área de saúde e medicina ocupacional, bem como recebeu investimento externo para construção de estádios modernos.
 
O presidente e os diretores acreditaram que isto era suficiente para alcançar o resultado esperado, ou seja, o primeiro lugar na copa do mundo 2014 e a comemoração do hexacampeonato na pátria de chuteiras. Entretanto, no decorrer da disputa a seleção demonstrou problemas técnicos e táticos no sistema defensivo, entenda-se ataque, meio e defesa. Na marca do pênalti, venceu, mas não convenceu e na semifinal, uma humilhante goleada, jogou-a para escanteio. Neste caso, explicar o inexplicável é certamente mais fácil do que esquecer o mineirazo.
 
Em qualquer empreendimento, deve prevalecer o profissionalismo. Embora o ambiente de trabalho seja agradável, prazeroso e propício ao bom relacionamento, ele não pode ser tratado como uma família, porque deve ter um caráter impessoal no reconhecimento e na cobrança. Portanto, a seleção ao transmitir a idéia de família para uma equipe jovem, sem uma liderança expressiva, perdeu o lado profissional e ganhou um sentido pessoal. A confiança tornou-se o fator preponderante e assim, o erro excessivo tolerável e o choro repetitivo natural.
 
Privilegiar a confiança em detrimento da competência eis um erro cometido em muitas organizações e neste caso não foi diferente. Antes mesmo da convocação, o técnico deixou transparecer que a confiança era fundamental, independente de como o profissional poderia estar naquele momento. Assim, convocou atletas de rendimento, habilidade e preparo duvidosos, os quais comprometeram o desempenho da equipe. Para o povo brasileiro, acionistas da entidade, porém sem direito a voto, o resultado germânico não foi uma zebra.  
 
Os verdadeiros profissionais em qualquer organização suportam cobrança, frustação, cansaço, pressão e desânimo com maturidade, onde o choro torna-se mero detalhe emotivo. Então as lágrimas excessivas da equipe antes, durante e depois das disputas, demonstraram que faltou preparo psicológico. Entre profissionais muitíssimo bem cuidados e remunerados, este comportamento de baixa maturidade, sinal evidente de fraqueza e desequilíbrio emocional, receberia no mínimo um cartão amarelo, de modo a restabelecer o equilíbrio entre a razão e a emoção.   
 
As organizações, empresas e instituições competentes, lutam pela melhoria contínua. Desta maneira, procuram aperfeiçoar, inovar e mudar seus processos, métodos, técnicas e táticas de trabalho, especialmente em um universo globalizado. E a evolução no mundo futebol não foi diferente, ele se tornou veloz e variável. No entanto, a seleção verde e amarela não evoluiu técnica e taticamente, quanto seus adversários, ao utilizar um mesmo remédio para pacientes diferentes. Assim manteve um sistema defensivo debilitado, um ataque cardíaco fulminante e um olheiro cego.
 
Em um empreendimento bem administrado, a atividade fim, é o fator primordial e para ela são canalizados todos os recursos e esforços das áreas de apoio. Neste sentido todos buscam manter o foco na produção. Assim, também deve ser na gestão do futebol, o presidente, diretor, técnico e jogadores, focados no futebol. Porém, os jogadores estavam mais preocupados com a aparência física, direito de imagem e mídia, o que pode ter resultado em perda de concentração. A vaidade assumiu a condição de titular.
 
As organizações modernas buscam a sustentabilidade econômica, social e ambiental e tem estes princípios desenhados em seu planejamento estratégico. A CBF prometeu uma remuneração variável a cada vitória. Além disto, ela, os clubes e principalmente o governo investiram em estádios ecologicamente corretos, porém não apoiaram as categorias de base, ou seja, o desenvolvimento de atletas, fator de sucesso no longo prazo. Crianças e jovens foram esquecidos no banco de reservas e como a responsabilidade social não foi convocada, o resultado foi um gol contra.    
 
Não adianta escalar um time com técnico, auxiliar técnico, observador técnico, preparador físico, preparador de goleiros, supervisor, analista de desempenho, assessor de imprensa, fisioterapeuta, fisiologista, médico, psicóloga, nutricionista, massagista, roupeiro, hotel cinco estrelas, voos de primeira classe, centros de treinamentos e estádios modernos, se a satisfação, prazer e glória pela conquista estiverem em condição de impedimento devido aos interesses individuais, estes sim uma verdadeira pisada de bola.
 
O planejamento e profissionalismo receberam da CBF um cartão vermelho e pelos fatos terem sido registrados na súmula da incompetência, talvez nem sejam convocados na copa de 2018. Nos próximos anos, assistiremos da arquibancada o jogo do poder e dificilmente um juiz expulsará aqueles que cometem faltas desleais, passam rasteira, dão carrinho, entram de sola ou pé alto na magia, arte, criatividade, talento, habilidade, técnica e tática do futebol bola cheia. Dentro das quatro linhas, tradição e peso da camisa, não ganham jogo, que diga o maracanazo.
 
 
 

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Os Sete Pecados do Capital

Pecado é o ato de praticar o mal, em detrimento do bem. Fruto da natureza humana, os pecados capitais remetem a transgressões continuas, destacando-se pela liderança negativa perante as outras infrações. Em analogia, os pecados do capital, são vícios de comportamento que acometem líderes e chefes, quando estes usam o poder para subjugar ou destratar as pessoas. Desta forma, os sete pecados capitais, Gula, Avareza, Inveja, Preguiça, Vaidade, Ira e luxúria, circulam naturalmente pelo ambiente pessoal e profissional como descrito a seguir.  
   
A Gula
Fome insaciável pelo poder, mesmo que para isto seja preciso matar de inanição a integridade, ética, humildade, justiça, honestidade. Nesta busca pelos interesses individuais, aqueles que pensam diferentes, questionam, opinam, expressam ideias, conhecimento e capacidade técnica para ocupar a concorrida cadeira das decisões, são considerados penetras e, portanto, convidados a retirar-se do banquete, antes que sejam digeridos pelo desprezo da liderança. É a cobiça engolindo a temperança.

Avareza
Apego desmedido pelos bens materiais, carro, dinheiro, cobertura, viagens, joias, iates e jatos. O profissional relega ao segundo plano, amigos, família e saúde, a trilogia da verdadeira riqueza que não pode ser comprada. Dedica seus esforços para acumular, esbanjar e deleitar-se das futilidades. A conquista, única capaz de oferecer um valor inestimável, perde seu propósito na medida em que é esquecida no cofre da mesquinharia. É a idolatria dos tolos, porque se baseia nas possibilidades.
 
Inveja
Desejo descontrolado pelas conquistas alcançadas por qualquer um de seus pares de trabalho. O invejoso ignora seu cargo, promoções, benefícios e salário, para se preocupar apenas com o status das pessoas que vivem ao seu redor. Este pecado impede o foco no trabalho, resultando em perda de produtividade, porque consome toda a energia do empregado cobiçador, que passa a cumprir uma jornada sem propósito, movida apenas por um ciúme eterno, cego e doentio. É a cobiça ao alheio.   
     
Preguiça
Apego ao comodismo e a ociosidade, que faz o profissional optar pela zona de conforto e deixar como está. O comprometimento, empenho, determinação e mudança, adormecem na rede da inoperância, com pequenos lampejos e bocejos. Enquanto a burocracia, marasmo e lentidão, vivem de olhos abertos, em um estado de insônia que não incomoda, o preguiçoso pensa: quem trabalha muito, erra muito; quem trabalha pouco, erra pouco; logo é promovido. É a aversão ao trabalho.

Vaidade
Desejo férreo em ser admirado, que utiliza a soberba para demonstrar quem manda. O chefe vaidoso, por meio da força do cargo, procura subjugar, humilhar e desdenhar seus pares. Cego pelo orgulho, como acredita ser dono da razão, não admite seus erros e não tolera contrariedade, afinal, a arrogância é sua defesa. Enquanto todos andam com pés no chão, ele anda de salto alto, até o dia que tropeçará nas próprias pernas da vanglória. É o egocentrismo no cargo mais alto.

Ira
Sentimento descontrolado de raiva, cujo prazer da liderança é destilar palavras ácidas e amargas. O furioso possui baixa maturidade e baixo equilíbrio emocional, irritando-se facilmente em qualquer situação onde perca o controle. Comumente eleva o tom de voz, esperneia, grita, ameaça, esbraveja, não impondo limites ao seu comportamento colérico nos acessos de fúria. A imposição de castigos é frequente, porque sempre há um culpado. O mau humor dita regras. É o rancor a flor da pele.

Luxúria
Paixão dominadora em gozo de férias, por isto se manifestará quando do retorno ao trabalho. 

domingo, 6 de abril de 2014

Herbert Marshall McLuhan, o Pai da Comunicação

Canada, Edmonton, nasce em 1911, Herbert Marshall McLuhan, criador da teoria “o meio é a mensagem”, expressão controversa, polemica, instigadora e questionável, assim como o modelo piramidal onde o chefe detém a informação. Ambos, com suas particularidades, funções, conotações, retratam o relacionamento entre os meios de comunicação materiais, humanos e as diversas partes interessadas, sociedade, acionistas, trabalhadores, entidades, instituições. 
 
Nesta teoria a mensagem perde importância na medida em que o veiculo no qual se propaga, adquire papel fundamental, pois cada meio possui características próprias de transmissão. O autor entende que a despeito do conteúdo, a preocupação deve ser com a somatória de seus efeitos no comportamento. Analogamente, as chefias, obcecadas pelo poder, passaram a se considerar mais importantes que os conceitos repassados a massa de trabalhadores, estas enxergadas como farinha do mesmo saco.
 
Neste contexto, a comunicação era usada para dominar, impor, constranger e subordinar, amparada pelo fato das informações terem alcance local sem conexões móveis, poucas reais e nenhuma virtual. A formação da opinião era buscada nas ondas do rádio, linhas, entrelinhas dos jornais e tela da televisão, cada meio difusor com formas distintas de propagar a noticia, baseada nos jeitos e trejeitos dos interlocutores, às vezes com monotonia e sem sintonia fina com a boa governança.
 
McLuhan, o pai da comunicação, destacou-se por enxergar que os meios eletrônicos encurtariam distâncias, em uma época onde a internet estava desconectada, assim como a liderança que não conseguia conectar-se com as necessidades e expectativas dos trabalhadores. Surgia na década de 60, o termo “aldeia global”, baseado no retorno a comunicação interligada, próxima e direta, bem diferente da estabelecida pelas chefias, que viviam como verdadeiros caciques isolados em ocas e malocas.
 
Quando este conceito se propagou nas empresas, os subordinados passaram a ser reconhecidos como cidadãos, pois nesta nova era o computador tornou-se móvel e conectado, o rádio perdeu seu caráter de subordinação e adquiriu a prerrogativa cidadã, ao oferecer vez e voz aos programas comunitários, oferecendo serviços de utilidade publica. Por meio dos avanços tecnológicos da comunicação com destaque para a internet, qualquer um pode emitir sua opinião em tempo real.
 
Na passagem da subordinação para a cidadania, a liderança perdeu a prerrogativa de ser dona da verdade, obrigando a ser mediadora e conciliadora em um ambiente conectado por fatos, fotos, vídeos, visões, versões, suposições, tensões e contradições, cujo desejo dos trabalhadores é ser parte integrante de todo processo comunicativo, ou seja, uma cadeia de ajuda capaz de oferecer liberdade de expressão, respeito e cuidado no trato com as pessoas, agora não mais mão-de-obra.
 
Porém, os lideres insistem em não compreender que a verdadeira comunicação deve saber informar, ouvir, dialogar, esclarecer e responder, seja sim ou não. Esta falta de entendimento gera falhas na interlocução, resultando em desvios de comportamento, tais como falta de compreensão, baixa produtividade, alta insatisfação e diluição da autoridade, ruídos prejudiciais amparados na falta de clareza, objetividade, transparência e simplicidade, o que abre um canal para fofoca, chincalho e melindre.
 
Enquanto o autor das obras “A galáxia de Gutemberg”, “Os meios de comunicação como extensão do homem”, “O meio é a massagem”, “Revolução na Comunicação”,Guerra e paz na aldeia global”, descansa tranquilo desde 1980, a liderança remexe desordenadamente e embaralha-se nos fios da má comunicação, perdendo-se no ruído das falas gaguejadas, atitudes sem amplitudes e lentidão das conexões, enrolando de vez uma fita isolante no bom relacionamento.
 
Assim, em um curto espaço de tempo o desligamento da liderança circulará em tempo real nas páginas das redes sociais, não será anunciado no autofalante corporativo, mas propagar-se-à em mega-hertz nas ondas da rádio peão que ela mesma criou, oferecendo aos ouvintes a oportunidade de comemorarem como se tivessem batido uma meta.
 

sábado, 23 de novembro de 2013

Família Real

A luta pela sobrevivência e propagação da espécie conduz o homem a buscar no mercado, às vezes paralelo, inúmeros Beija-flores, mais precisamente da espécie Amazilia lactea, que poderão indiretamente saciar a fome. Como nesta etapa da vida pessoal e profissional, não há muita preocupação com bens materiais, ele contenta-se em amealhar esse pequeno e delicado ser de coloração discreta, pois qualquer nota de um real faz a diferença. Assim sem muita ambição ele busca fugir da gaiola do emprego informal. 
 
Uma vez atendida às necessidades básicas, o homem sem oferecer gorjeta inicia a substituição dessa ave por um anfíbio de corpo robusto e longevo. Nesta incansável batalha pela mudança de posição social, por meio de um bom cargo, o homem busca a tartaruga-de-pente, para melhorar o padrão de vida. Nesta caça desenfreada, às vezes ilegal, Eretmochelys imbricata, torna-se criticamente ameaçada quando o homem oferece como troco a mesquinharia, que racha o casco do proposito que o dinheiro possa gerar.  
 
A ânsia cada vez mais acentuada pelo consumo fútil induz o homem a dar passos largos para alcançar um bando de garças, que se caracterizam por serem aves pernaltas. Entre passos e descompassos, as gananciosas mãos humanas mancham a brancura das penas destes ardeídeos, quando elas utilizam notas de cinco reais de forma egoísta ou fraudulenta. Neste contexto, exemplares de Casmerodius albus, são guardados em caixa dois, protegidos da mordida do leão e depois lavados para circularem livremente.
 
Ao pressentir que as suas vaidades não conseguem ser alimentadas por beija-flores, tartarugas e garças, o homem parte em busca das araras vermelhas, aves típicas da fauna brasileira e sul-americana. Assim, elas tornam-se um alvo perfeito para elevar o homem a voos mais altos, rumo ao topo. Engasgado com as sementes e frutos podres da ganancia pelo poder, o homem relega o ninho familiar, depreciando qualquer nota de dez e depenando de vez Ara chloreptera, impedindo-a de oferecer um valor real ao trabalho.
 
A ambição desmedida pelo dinheiro em plena selva de pedra faz o homem encontrar jeitos rápidos e fáceis de substituir araras por micos-leões-dourados, primatas de pelagem alaranjada e juba característica. Assim, Leonthopitecus rosalia, sofre grave ameaça de extinção, porque o homem oferece uma banana para a honestidade, ética e respeito, matando de inanição qualquer valor virtuoso. Preso na grade de servidão materialista, ele é alimentado por uns poucos vinte reais de ilusão, concedidos pela mais valia. 
 
Após pagar micos pela sua frieza, soberba e prepotência, o homem parte atrás de um felino em extinção e amplamente conhecido daqueles ávidos por dinheiro, a onça pintada. Mais difícil de ser perseguida e alcançada, a Panthera onca induz o homem a ficar preso na mandíbula do trabalho exaustivo e estressante. Este desequilíbrio passa a ameaçar a estabilidade emocional do bicho homem, afetando sua saúde física e mental. Pintas de arrependimento logo são apagadas das lembranças pelas notas de cinquenta reais.  
 
Finalmente o homem chega ao topo do poder e torna-se um hábil pescador de garoupas, peixe marinho que dificilmente anda em cardume. Enquanto esta espécie, Epinephelus marginatus, habita as costas brasileiras, o homem vira as costas para os amigos e a família, fazendo com que as notas de cem reais percam as escamas do bem estar. Nesta maré desequilibrada, a piracuca torna-se apenas um peixe fora d’agua para o predador das relações humanas.
 
Assim, a casa da moeda perde as telhas do equilíbrio, o banco central perde as tábuas do bom senso e a efigie da república presente em todo o reverso deste círculo financeiro, perde os cabelos esvoaçantes, os ramos de louro e a serenidade da face. É o divórcio da família real.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Abraham Lincoln, o Lenhador

“Se eu tivesse apenas uma hora para cortar uma árvore, eu usaria os primeiros quarenta e cinco minutos afiando meu machado.” Eis um ditado perfeito de Abraham Lincoln, um dos mais renomados presidentes que o mundo conheceu. Por meio da nobre função do lenhador, ele retratou pela simplicidade a importância do planejamento especialmente na vida empresarial.
 
Sob esta ótica, o lenhador não tem dúvidas de que uma das partes mais importantes do seu trabalho e ter um machado afiado. Porém, muito antes, ele sabe exatamente o que, quem, porque, como, quando e onde, devera ser cortada a arvore. Assim, institivamente ele planeja de forma estratégica sua tarefa diária, ao contrário daquelas empresas que estão mais preocupadas em executar do que se preparar para as dificuldades do negócio, perdendo-se no estreito, enferrujado e cego fio do improviso.
 
Quanto menos preparado for o machado, maior será o numero de cortes necessários para obter pedaços de lenha adequados. Muitos calos nas mãos e suor no rosto, sem a garantia de que o resultado será alcançado. Isto também ocorre com as corporações despreparadas, calejam e pelejam sem propósito, porque os princípios e valores que retratam fielmente o que ela acredita e pratica são apenas lascas de madeira lançadas no ar, sem direção e proveito.
 
 Assim, entende-se que a missão do lenhador é produzir lenha de forma sustentável, algo abrangente que representa a existência de seu empreendedorismo. Ao mesmo tempo e lamentável verificar em uma atividade simples, aquilo que não conseguimos enxergar em empresas sem uma razão de ser, porque elas não possuem ponto de partida. Neste cenário há o risco das decisões enviesadas com desperdício significativo de recursos ambientais, econômicos e humanos.
  
Enquanto em seu humilde olhar ele deseja ser reconhecido como o melhor profissional em sua área de atuação projetando um sonho a ser alcançado, empresas sem visão expressam a ausência de um objetivo a ser atingido, ou seja, não miram o lugar onde estarão no futuro. Assim, elas demonstram que não conseguem aplicar o aprendizado em prol do que esta por vir. Nesse sentido, o lenhador enxerga um bosque, enquanto as empresas enxergam uma árvore.
 
Além disto, o lenhador sabe exatamente qual lado da árvore e como ela deve ser cortada, para que esta não lhe atinja, cause danos irreparáveis ou prejudique as outras árvores ao seu redor, mantendo assim o plano de manejo sustentável. Ele conhece suas fraquezas, fortalezas, ameaças e oportunidades, conceitos simples, mas que não são levados a sério no ambiente de negócios.  
 
Ao se comprometer em transformar uma árvore de um metro cúbico em lenha ao final de três dias, ele estabelece desafio mensurável, atingível, realista e temporal, algo de fazer inveja a muitas organizações que não possuem objetivos e metas, impedindo clareza e direcionamento das cobranças. Assim, elas atuam na casca ao invés de atuar no cerne dos problemas estruturais.  
 
Este contexto mostra que as empresas sem um planejamento estratégico são como lenha verde cujo poder calorífico sequer mantem acesa a fogueira de vaidade da liderança, especialmente quando ela recebe bônus em ano de prejuízo. A ponte entre onde a empresa está e almeja chegar daqui a três anos, deixa de ser construída, porque os pilares de Harry Igor Ansoff, Michael Porter, Albert Humphrey e Boston Consulting Group são desmoronados pelas intempéries da indiferença. 

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Jardim do Éden

Adão e Eva eram dois líderes que trabalhavam em um empreendimento denominado Jardim do Éden, o qual pertencia a um único acionista. O foco do negócio, a agropecuária, abrangia a criação de animais e plantas de forma sustentável. O descanso semanal remunerado e o intervalo intrajornada eram respeitados, bem como não havia assédio moral, trabalho degradante ou análogo à escravidão, descumprimentos legais que são comuns em pleno século vinte e um. 

Altos executivos, eles recebiam uma série de benefícios tais como plano de saúde, alimentação, educação e participação nos resultados, além de um generoso salário pela vida eterna. Por meio do trabalho possuíam satisfação, qualidade de vida, reconhecimento e além disto, ocupavam cargos de confiança, que lhes permitia o acesso a informações privilegiadas, compatíveis com seus níveis hierárquicos.  

No entanto, a inveja fez com que eles quebrassem o código de ética e valores, ao se apropriarem da fonte do conhecimento que apenas o acionista poderia ter acesso. A maçã foi mordida, estragando o melhor produto do empreendimento, o qual estava reservado a clientes fiéis e incorruptíveis.  Cometeram um pecado muito comum nas corporações, ignorando a honestidade, integridade e ética. 

Sucedeu-se que ninguém teve a coragem de assumir sua responsabilidade, especialmente o líder Adão. Ele não reconheceu sua falha e usou de subterfúgios para culpar Eva e esta por sua vez despejou a culpa em outro ser que envenenava os relacionamentos com sua língua ardilosa. Cometer falhas e erros é ato corriqueiro e inerente a qualquer profissional, porém, negar e esquivar-se da verdade foi um erro mortal, que os deixou totalmente nus de vergonha.  

Como toda causa gera uma consequência, foram demitidos da melhor empresa do universo. Por ser onipotente, o acionista os realocou em outra corporação do grupo, com a diferença de que passaram a ser tratados como empregados normais, labutando arduamente de sol a sol, para transformar suor em força de trabalho. A partir desta atitude o acionista não mais se relacionou diretamente com os seus dois colaboradores.  

Neste intervalo, tiveram dois filhos, Abel, pastor de ovelhas e Caim, agricultor, herdando dos pais a vocação para atuar no agronegócio, que já sustentava a balança comercial e ocupava um lugar de destaque no mercado. Abel liderava um rebanho de ovinos e sua maior preocupação era cuidar das ovelhas perdidas ou desgarradas. Caim por sua vez, lavrava e cultivava a terra. Atividades distintas em prol da segurança alimentar, física, mental e espiritual.

O principal objetivo era por meio de suas obras oferecerem sacrifícios, capazes de gerar resultados, concedendo ao trabalho um propósito, de modo que ao final da jornada pudessem dizer que haviam vivido intensamente aquele dia. Porém, isto não aconteceu de forma completa e plena, porque a ação do envolvimento prejudicou a ação do comprometimento.  

O acionista por também ser onisciente, percebeu que o produto oferecido por Caim era de fora para dentro, adesão externa e aceitação parcial a obediência, caracterizada pelo sim senhor pela frente e não senhor por trás. Preocupou-se em atender o seu desejo e não em agradar ao acionista. Faltou-lhe visão sistêmica, ou seja, estava mais preocupado com o departamento e menos com o empreendimento, comportando-se como criatura e não criador.   

Abel, entretanto, ofereceu o que tinha de melhor, física e espiritualmente, via adesão interna e aceitação total, demonstrando o compromisso com a aliança firmada no momento da contratação vitalícia, a qual eliminou a necessidade de previdência privada. Ele teve a capacidade e o dom de entregar a sua melhor ovelha, um símbolo de vida e sacrifício, materializando neste ato os valores do comprometimento: autoestima, empatia e afetividade. 

Passaram-se mais de dois mil anos e como as pessoas preferiram herdar a visão míope de Caim, o acionista enviou seu filho para sacrificar-se em prol da salvação do empreendimento. Isto gerou uma mudança radical na administração da terra, ao tornar as pessoas centro dos negócios, já que sob sua liderança passou a imperar a cooperação, igualdade, criatividade, humildade, sabedoria e perdão. 

Estes substantivos amparados pela graça, tornaram as obras mera consequência do trabalho, proporcionando igualdade de condições para todas as pessoas, independente do cargo, formação acadêmica, nível social ou poder financeiro. Uma pena que este tipo de empreendimento exista somente a base de milagres.

sábado, 31 de agosto de 2013

Baião de Dois

Comida típica da região nordeste, o baião de dois é uma mistura de arroz com feijão, sendo cozidos em conjunto, porém com diferentes níveis de cozimento para atingirem o equilíbrio no preparo. Esta combinação humilde e popular, conhecida além das fronteiras, como mouros e cristianos, ao mesmo tempo em que sustenta milhões de brasileiros e conquista espaço na culinária especializada, está sendo depreciada pelas pessoas que se dirigem ao trabalho apenas para fazer o feijão com arroz.

Isto significa dizer que trabalham exclusivamente visando a manutenção das necessidades básicas, ou seja, para garantir a subsistência, o que limita a aspiração profissional a meros grãos. O fato de acordarem de madrugada e, enfrentarem um trânsito caótico, perdendo longo tempo em filas quilométricas, não justifica a dedicação e o comprometimento milimétricos, afinal são conhecedores de suas obrigações, antes mesmo de iniciarem sua primeira jornada.

São pessoas que adoram repetir o mesmo prato e saborear comida requentada devido à preguiça de fazer algo novo, demonstrando que atuam por meio de gestos repetitivos e mecânicos, mesmo quando é possível utilizar a criatividade para dar ao trabalho um sabor especial.

Ocorre que a marmita que carregam no embornal para alimentar seus propósitos, além de fria na motivação, não possui o tempero necessário para despertar o próprio apetite da satisfação profissional. Na verdade o seu conteúdo é tão peculiar, que consegue ser ao mesmo tempo insosso e salgado, na medida em que desidrata a perspectiva da melhora contínua.

Enquanto se esbaldam na glutonaria da rotina, elas matam de fome e inanição a vontade de cooperar, contribuir e crescer. As calorias motivacionais são tão baixas que servem apenas para garantir um esforço físico básico, que ao ser transformado em suor, demonstra que a transpiração supera a inspiração.

Assim, a produtividade é substituída pela ocupação, pois não se doam, engajam ou comprometem com os propósitos geradores da verdadeira riqueza, o qual os levará a cargos cada vez mais desafiadores e remuneradores. O gasto de energia com o pensar, refletir, questionar, aprimorar, planejar, emocionar, apaixonar que desenvolvem o intelecto humano, conduzindo a um estado pleno, é poupado ou limitado pela inércia, ou seja, falta de iniciativa.

É o conhecimento humano deixando de ser o prato principal, ao perder sua capacidade de dar ao trabalho um sentido único, ímpar e diferenciado. Temos aí um alimento servido em um prato raso que não enche a barriga de ninguém.

Quéops, Quéfren, Miquerinos e as Pirâmides em Ruínas

As pirâmides do Egito construídas em uma época em que a ciência matemática não era conhecida pela maioria dos povos, constituem-se em uma das obras mais imponentes, intrigantes e enigmáticas da humanidade, sendo pelas suas próprias características, amplamente utilizadas pelas empresas como símbolo máximo da hierarquia de seus organogramas.

Enquanto elas possuem quatro faces triangulares de medidas praticamente exatas, convergindo para um mesmo vértice, as empresas são formadas por uma pirâmide de inúmeras e diferentes faces que convergem para um único vértice humano, em uma subserviência e obediência cega que impede a expressão de ideias, contradições e opiniões, fontes primárias da criatividade e inovação.

Assim, como as pirâmides representam os raios solares brilhando em direção a terra, baseado na áurea de que os reis após a morte seriam elevados ao sol e se juntariam aos deuses, o líder é a representação máxima de poder, escondendo ou esquivando-se atrás da hierarquia e disciplina, atuando como um ser inacessível aos súditos, que ficam apenas comendo areia nos imensos desertos que se criam nas empresas.

Ao decifrar este enigma, verifica-se que o destino profissional da maioria absoluta que sustenta a base é definido sem que elas tenham suas percepções ouvidas e entendidas, desta forma suas necessidades, acabam sendo cobertas pelas teias e poeira da indiferença.  Assim, o alinhamento entre os valores da empresa e dos empregados, bem como a contratação e recontratação de expectativas deixa de existir afetando todas as partes interessadas.

Neste cenário desolador, cada bloco de calcário representa uma pessoa, cuja união de forças origina uma imensa classe assalariada, mas que não consegue atingir um objetivo comum e nem oferecer ao trabalho um propósito. Ocorre que a ligação ou junção destes empregados é fragilizada pela administração lenta, burocrática, centralizada, complexa e confusa, abrindo arestas e frestas de insatisfações e indignações. Um ambiente em que procedimentos andam sobre camelos e dromedários, pisoteando constantemente a simplicidade que rasteja como uma serpente.

Nesta paisagem dominada por cargos, distâncias e desigualdades faraônicas, pessoas se tornam meros turistas, guiados de um lado para outro em movimentos repetitivos, sem nenhum oásis de satisfação por perto, onde a melhoria das relações baseada no saber ouvir, dialogar e separar posição de interesse é apenas uma miragem.

Não existe convivência, ou seja, ampliação da janela de risco pela exposição e vulnerabilidade, que neste caso seriam vistas como uma grande possiblidade de fortalecimento do caráter humano. Enquanto as pirâmides orientavam-se pelo eixo solar, a liderança perdeu sua orientação ao não compreender que o eixo das relações humanas mudou, ou seja, a acreditação de uma empresa é feita por um único fator social, o empregado regular.

Ao invés de poder e dinheiro as pessoas estão sedentas por conhecimento, respeito e reconhecimento, enfim satisfação profissional. Longe do rio Nilo, ou seja, distante das águas da sabedoria, a liderança não consegue matar a sede da vaidade, sendo responsável pelo próprio embalsamento e mumificação.

Assim, resta aos líderes serem guiados pelos corredores subterrâneos da incompetência, rumo à câmara mortuária da má gestão, atrapalhando o descanso eterno de Quéops, Quéfren e Miquerinos. 

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Leis de Isaac Newton

A três Leis de Isaac Newton, publicadas em 1687, tratam de corpo, força e movimento, a perfeita trilogia que rege uma empresa, pois representam as pessoas que por meio de seus esforços motrizes imprimem velocidade na direção de solucionarem os problemas. Desta maneira, elas permanecem muito atuais no ambiente corporativo, o que pode ser evidenciado por meio de alguns exemplos.
 
 
1ᵃ Lei de Newton, Princípio da Inércia
Os problemas continuam em repouso, pois a liderança não exerce sua força, por entender que não representam perigo aos negócios. À medida que os problemas movimentam-se por todas as áreas da empresa, a velocidade não será alterada, porque a liderança alheia aos fatos permanece na inércia em suas decisões, sendo atropelada pelos problemas triviais e urgentes, prejudicando as estratégicas geradoras de propósito.
 
As pessoas ineficientes e ineficazes permanecem no descanso, porque a força da liderança não age ao acreditar que é normal elas fazerem parte das equipes, afinal não existe nada perfeito e não há homogeneidade no fator desempenho. À medida que aumenta o número de pessoas com este perfil improdutivo, a sua velocidade não será alterada, porque a força da liderança é superada pelos desafios, assumindo implicitamente que elas incorporaram-se à cultura da empresa. 
 
Os comportamentos inadequados ou baixa maturidade continuam repousando sobre as equipes mantendo-as desagregadas à medida que nenhuma força da liderança atua, assumindo que bons relacionamentos podem prejudicar o desempenho geral, devido à possibilidade de formarem complôs. À medida que o número de pessoas ácidas, rabugentas e ignorantes se destaca, a sua velocidade não será alterada, porque os líderes apoiam os que discutem, falam ou gritam mais alto.
 
2ᵃ Lei de Newton, Princípio Fundamental da Dinâmica
A massa de problemas permanece em repouso, deitados no berço esplêndido da inércia, pois a força da liderança é nula, ao optar pela estabilidade, conforto e comodidade. Neste processo lento e moroso de decisões, a massa de problemas aumenta, ou seja, adquire uma grandeza escalar positiva, exigindo finalmente a atuação dos líderes. Porém, como a soma das suas forças é bem menor, ela não será suficiente para gerar uma aceleração adequada de mitigação.
 
3ᵃ Lei de Newton, Princípio da Ação e reação
Um problema gera uma reação da liderança de igual força, direção e sentido contrário, ou seja, as forças não se equilibram e não se anulam, porque na medida em que não há inércia, decisões assertivas são tomadas sobre os problemas, forçando os líderes a caminhar na busca pela melhoria contínua. Problemas como ineficiência, ineficácia e comportamentos inadequados são tratados, assim objetivos, metas e indicadores de desempenho desdobram-se em todos os níveis. Infelizmente, esta lei há muito não vigora em determinadas empresas, foi revogada pela 1ᵃ e 2ᵃ Lei de Newton.

domingo, 19 de maio de 2013

Presos ao Anzol

Rumo a uma pescaria onde a principal isca é você. Assim podemos considerar as reuniões mal planejadas e conduzidas, pois elas são como um rio de águas turvas repletas de surpresas, onde a falta de organização torna-se uma devoradora da produtividade, consumindo o tempo das pessoas sem que isto traga resultados concretos a despeito do nível que ocupam.

O problema é que elas progridem em escala geométrica, enquanto a capacidade de acompanha-las é mantida em escala aritmética, originando um clima de insatisfação, ineficiência e ineficácia. A ausência de pauta, controle do tempo e moderador, contribui para a ocorrência de intermináveis reuniões, sem hora para começar e terminar, alimentando-se do horário de almoço, jantar e lazer, com impactos diretos na saúde física e mental.

Ao término de cada uma, perguntam o porquê foram convocadas ou convocaram a reunião, demonstrando que estas pessoas não agregam valor ou não tem nada a oferecer, inclusive tornando-a muito mais improdutiva, chata e cansativa.

As reuniões que constrangem, procuram culpados, exercem pressão desnecessária e transmitem ameaças implícitas, são uma isca indigesta para estimular a participação, em especial quando elas adotam um tom escravocrata, no sentido de bater e criticar a tudo e a todos, rememorando por diversas vezes os erros cometidos.

Ao invés de se ater ao campo das ideias, os condutores, eternos pessimistas, destilam suas críticas às pessoas, falando continuamente em choque de gestão, mudança de rumo, virada de página e quebra de paradigmas, uma postura que além de não agregar valor, desvirtua o verdadeiro caráter da reunião: a busca pela solução conjunta.

Desta maneira, elas são uma praga tão resistente e adaptável, que sua multiplicação ocorre por videoconferência, teleconferência, ou seja, não há limite para se inventar, alimentar e sustentar inadequadamente esta ferramenta de gestão.

É um círculo vicioso, sem resultados concretos e contínuos, muito anexo, pouco nexo, muita divagação, pouca ação, como uma nau a deriva que segue ao embalo da maré, em um lento, tedioso e improdutivo vai e vem, trazendo resultados frustrantes para quem conduz, participa ou assiste o enrolar e não o desenrolar dos fatos.

Nas convocações, os conversadores e despreocupados chegam primeiro, não devido ao caráter da pontualidade, mas sim para encontrar um lugar discreto no ambiente, ou seja, na parte traseira da sala, para falar mal da empresa, fofocar e criticar a própria reunião, conduzindo conversas paralelas ou euclidianas, que sob a ótica da geometria espacial, nunca cruzarão entre si e muito menos com os propósitos que estão sendo abordados e tratados em conjunto.

Nesta desorganização, entram e saem da sala, levantam para tomar café, água, refrigerante e ir ao banheiro. Não utilizam o modo "vibracall" dos seus telefones e smartphones, mas vibram quando eles tocam músicas ou melodias estridentes e irritantes, cujo barulho é proporcional à falta de educação. Não satisfeitos leem de forma discreta revistas semanais, rabiscam qualquer desenho e talvez façam até caricatura do chefe, mas não anotam absolutamente nada do que está sendo discutido.

Risco e rabisco, nada muito rico, ao contrário uma tremenda pobreza de espírito coletiva e corporativa, em uma agenda sem agenda. O fim do limite ao respeito está próximo quando até mesmo aqueles que ocupam cargos estratégicos bocejam, cochilam, fisgam e pescam literalmente piaba e lambari, fazendo seus corpos curvarem de forma repetitiva na cadeira, como uma vara de pescar, expondo os dorminhocos ao burburinho e as chacotas disfarçadas.

Este comportamento de utilizar reuniões desalinhadas, como regras, pode denotar a falta de um planejamento estratégico, que transformará a empresa e os profissionais em uma isca perfeita, presa ao anzol que poderá ser engolido pela primeira crise financeira.

domingo, 12 de maio de 2013

Caiu na Rede

Nas páginas virtuais, o facebook, myspace, twitter, instagran, skype, orkut, badoo, dentre tantos outros programas e aplicativos conectam sem fio milhares de pessoas em diferentes países e idiomas, rompendo todas as cercas, muros e fronteiras, onde o único passaporte exigido é o acesso a internet.

Criaram uma forma de comunicação rápida, democrática e única, com suas próprias conjugações e tempos verbais, tais como, conectar, navegar, deletar, aceitar, surfar, compartilhar, postar, baixar, curtir, comentar, filtrar e tuitar. Esta forma moderna de diálogo seduziu inclusive os dicionários brasileiros, instigando-os a publicar palavras aportuguesadas, o que no fundo significou uma bela mordida na língua portuguesa.

Na verdade, este não é o problema, ao contrário, o intercâmbio de costumes, idiomas, dialetos, jeitos e trejeitos, independente do meio utilizado enriquece qualquer cultura. Ocorre que a linguagem coloquial e social, amplamente divulgada pelo público antenado, está desconectando a linguagem gramatical, deixando-a com o sinal cada vez mais fraco e lento, como demonstra a seguinte postagem:

“Meu amigo Nirso, disse que o iorgute cazeiro tem menas calorias, não esmagrece, mas tb não ingorda, nos deixa menos anciosos e mais felises para encarar o trampo. Caso esteje muito cansado descanse bastante no fim de semana, para cumprir seus compromissos profissionais sem atrazo e não dormir no servicio. Para completar faça como eu, beba tb um iorgute natural mais dentro do praso de validade e se não lhe agradar vá para a pqp. Kkkk”.

Ao participar ou admitir de forma natural uma linguagem que usa termos de baixo calão, simplifica palavras e elimina vogais de forma usual, constante, repetitiva, insistente e corriqueira, as pessoas estão contribuindo para que juventude não curta o bom vocabulário e a boa escrita, ferramentas que irão interferir diretamente na redação, a qual é importantíssima para a conexão veloz com o curso superior e o mercado de trabalho qualificado.

Como se não bastasse, criam perfis falsos, aprendendo a mentir até virtualmente, multiplicam os álbuns de termos chulos, compartilham os erros de português e postam fotos sensuais, mostrando um currículo negativo para o mercado de trabalho, o qual está ávido por curtir pessoas competentes. Elas esquecem que as empresas também surfam na internet prestando atenção a tudo e a todos, valorizando as pessoas que estão na crista da onda, ignorando aquelas que tomam o famoso caldo e são levadas de volta para a areia, atuando como meras expectadoras.

A situação fica mais desconfortável, quando são bloqueadas ou capturadas na rede durante o horário de trabalho, acessando sites impróprios ou ocupando o tempo na navegação desgovernada. Nitidamente as empresas aceitam pessoas criativas, descoladas, extrovertidas, alegres, comunicativas, conectadas, porém, elas apagam aquelas que prezam pela falta de bom senso e respeito.

A senha de que definitivamente caíram na rede do vício da má educação é a reprovação em um exame, concurso ou emprego. O arrependimento de não ter valorizado a escola, os estudos e a leitura, será ofuscado pela velocidade com que irão se dedicar a navegar nas salas de bate papo, neste caso furado. As pessoas esquecem de que ao se relacionar virtualmente, expõem na tela uma boa parte de seus pensamentos, comportamentos e personalidades.

Quando digitam algo e teclam “enter”, elas saem do mundo real, particular e entram no universo virtual, coletivo, expondo suas ideias, opiniões, contradições e por vezes o seu corpo na forma tridimensional. Ao publicar fotos do tipo “Eva”, sem medo e sem pudor, perante uma câmara de vídeo, mostra que morderam a fruta do pecado, assumindo o risco de ter despida toda intimidade, algo valioso e precioso, que deveria ser preservado.

Quando vaza o conteúdo indesejado, não há antivírus que cure os males ou photoshop que maquie os estragos feitos na própria imagem. Este texto e contexto demonstram que a internet 1G, Gramática que enriquece, foi lamentavelmente substituída pela internet 3G, Gafes, Gerúndios e Galhofas, que empobrecem, desligando da tomada qualquer oportunidade de crescimento humano e profissional. Like. Comment. Share.